O boliviano Carmelo Flores Laura leva uma vida tranquila na cidade de
Frasquia. Não fala espanhol. Para bater um papo com o ancião, só se
dominar a língua indígena nativa, a Aymara. O aparente isolamento não
impediu, no entanto, que seu nome circulasse na imprensa internacional na última semana. O motivo? Documentos recuperados por sua família indicam que Carmelo tem 123 anos de idade e vai muito bem, obrigado.
Caso seja comprovada a impressionante longevidade, Carmelo assumirá o topo do ranking dos supercentenários – seleto grupo de pessoas que passaram dos 110 anos.
Referência na identificação, confirmação e registro de supercentenários
vivos e falecidos, o Grupo de Pesquisa em Gerontologia (GRG, na sigla
em inglês) já deu seu parecer sobre o assunto: na opinião dos
pesquisadores, o boliviano dificilmente nasceu em 1890 como indicam os
papéis. Além de não terem sido encontradas as cópias originais dos
documentos, outro fator alertou para o possível erro de registro –
Carmelo é homem. Segundo o GRG, 90% dos supercentenários confirmados são mulheres.
Investigações conduzidas pelo grupo de pesquisa apontam que, na
verdade, Carmelo pode ter 107 anos, o que o colocaria a 8 anos de
distância da atual detentora do título de pessoa mais velha do mundo, a
japonesa Misao Okawa, nascida em 1898, e ainda mais longe do atual grupo
de dez velhinhos fantásticos que encabeça a lista de
super-supercentenários. Enquanto não se chega a um veredicto, conheça as
10 pessoas mais velhas de todos os tempos:
10. Maggie Barnes (1882 – 1998)
Idade: 115 anos e 319 dias
Maggie Barnes nasceu em 1882, mesmo ano do assassinato do icônico
cowboy Jesse James pelo covarde Robert Ford. Natural do estado da
Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a supercentenária era filha de
escravos e foi casada com um arrendatário rural. Teve quinze filhos, mas
apenas quatro deles ainda estavam por aqui quando a simpática velhinha
faleceu em 1998.
9. Jiroemon Kimura (1897 – 2013)
Idade: 116 anos e 54 dias
Jiroemon Kimura era o detentor do cinturão de Decano da Humanidade
até a sua morte, no último mês de junho. Mas seus feitos não param por
aí: o longevo japonês é o homem mais velho que já viveu – único
representante do sexo masculino a ter comprovadamente chegado à marca
dos 116 anos. Nada mal.
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8. Besse Cooper (1896 – 2012)
Idade: 116 anos e 100 dias
Besse Cooper também soprou velinhas 116 vezes. No seu último
aniversário, em agosto de 2012, a ex-professora comemorou ao lado da
família – tinha quatro filhos, onze netos, quinze bisnetos e um trineto.
Nascida no Tennessee, a estadunidense contava que sua receita para viver longos anos era simples: cuidava da própria vida e não comia besteiras. Anota aí.
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7. Elizabeth Bolden (1890 – 2006)
Idade: 116 anos e 118 dias
Elizabeth Bolden – ou Lizzie, como costumava ser chamada – com
certeza tinha um bocado de história para contar: a estadunidense,
nascida em 1890, viveu parte de três séculos diferentes. Também nascida
no estado do Tennessee, filha de escravos alforriados, ela passou grande
parte de sua vida trabalhando ao lado do marido em uma plantação de
algodão. Quando faleceu, em 2006, Lizzie tinha 40 netos, 75 bisnetos e
450 trinetos e tetranetos.
6. Tane Ikai (1879 – 1995)
Idade: 116 anos e 175 dias
A japonesa Tane Ikai era a terceira filha de seis irmãos em uma
família que se dedicava à agricultura. Apesar de ser a mais anciã
representante da Ásia, Tane nunca recebeu o título de Decana da
Humanidade. Isso porque ela foi – durante muitos anos – contemporânea da representante #1 desta lista.
5. Maria Capovilla (1889 – 2006)
Idade: 116 anos e 347 dias
Representante da América do Sul no clube dos 110, a equatoriana Maria
Esther Capovilla também pôde acompanhar um pouquinho de três diferentes
séculos. Filha de um coronel, Maria frequentava os círculos da alta
sociedade e estudava arte. Ao longo de sua vida, Maria preferiu ficar
longe de cigarros e bebidas (um fator comum entre os centenários) e
passava seus dias vendo TV, lendo jornais e caminhando, mesmo depois da
avançada idade. Ela faleceu em 2006, apenas 17 dias antes de completar
117 anos.
4. Marie Louise Meilleur (1880 – 1998)
Idade: 117 anos e 230 dias
Foi o ano em que Thomas Edison inventou a luz incandescente. Foi
também o ano em que Werner von Siemens construiu o primeiro elevador
elétrico. Marie Louise Meilleur nasceu em 1880 no Canadá, seis meses
depois de Maria Olívia da Silva, a supercentenária brasileira que supostamente teria vivido 130 anos
(o topo do ranking seria verde e amarelo caso a idade de Maria fosse
comprovada). A canadense, que passou a maior parte de sua vida na região
de Ontário, teve 10 filhos, 85 netos, 80 bisnetos, e 61 trinetos e
tetranetos.
3. Lucy Hannah (1875 – 1993)
Idade: 117 anos e 248 dias
Lucy Hannah carrega a medalha de bronze no aspecto longevidade. Mas,
apesar de ter vivido 117 anos e 248 dias, a estadunidense é a mais velha
representante do clube dos 110 a não ter garantido uma entrada no Livro
Guinness de Recordes. O título lhe escapou por conta de Jeanne Calment
(ela de novo!), a insuperável primeirinha do grupo. No caso de Lucy, o
segredo para a longa vida parece estar no código genético: duas de suas
irmãs alcançaram a marca dos 100 anos, e sua mãe viveu 99 anos.
2. Sarah DeRemer Knauss (1880 – 1999)
Idade: 119 anos e 97 dias
Sarah Knauss foi uma habilidosa costureira – foi ela quem fez o
próprio vestido de noiva. A estadunidense acompanhou duas Guerras
Mundiais, 23 presidentes dos Estados Unidos e o naufrágio do Titanic. O
seu segredo da longevidade? Segundo Kathryn, sua única filha, sua mãe
sempre foi uma pessoa muito tranquila e não se irritava com nada. Pelo
visto, a filha aprendeu bem: Kathryn viveu 101 anos. Tranquilidade ou um
ótimo DNA?
1. Jeanne Calment (1875 – 1997)
Idade: 122 anos e 164 dias
Não são apenas os muitos anos vividos por esta francesa que tornam
sua história fascinante. Jeanne Calment, nascida em 1875 na cidade de
Arles, a francesa (que acompanhou a construção da Torre Eiffel) tinha
uma boa anedota para contar: aos 13 anos, ela conheceu Vincent Van Gogh.
O pintor visitou a loja do tio da garota para comprar materiais. O
encontro certamente causou uma impressão forte em Jeanne, que era
categórica ao afirmar que Van Gogh era “sujo, mal vestido e
desagradável”. Apesar de nunca ter praticado esportes, não ter aberto
mão do cigarro até os 117 anos e de ter tido como hábito comer quase 1kg
de chocolate por semana (pode estar aí o segredo!), Jeanne nunca ficou
parada: andou de bicicleta até os 100 anos.
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