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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Algumas das cidades mais contaminadas do planeta


Chernóbyl (Ucrania)


No ano de 1986, os operadores da usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, realizaram um experimento com o reator 4. A intenção inicial era observar o comportamento do reator nuclear quando utilizado com baixos níveis de energia. Contudo, para que o teste fosse possível, os responsáveis pela unidade teriam que quebrar o cumprimento de uma série de regras de segurança indispensáveis. Foi nesse momento que uma enorme tragédia nuclear se desenhou no Leste Europeu.


Dzerzhinsk (Russia)


Todo entardecer é como se um cobertor de chumbo descesse sobre a cidade. O céu fica impregnado de fumaça escura e espessa. O ar é irrespirável. As poucas árvores ainda vivas são franzinas e sem folhas. Os animais desapareceram. Só alguns pássaros resistem, mas parecem desanimados e sem rumo. O solo tem trechos vermelhos, verdes e amarelos, recortados por riachos de um líquido branco e espesso. Assim é Dzerzhinsk, uma cidade industrial a 400 quilômetros de Moscou, apontada pela organização ambientalista Greenpeace como a mais poluída do mundo. Até 1991, a existência desse imenso parque fabril, erguido nos anos 30, era segredo de Estado. Ali se produziam as armas químicas da antiga União Soviética, com resultados devastadores para o meio ambiente. Durante décadas, as chaminés de Dzerzhinsk despejaram no ar toneladas de gases letais como o do pesticida DDT, o gás de mostarda e outros que provocam bolhas na pele e levam à morte.


Com a derrocada do comunismo no Leste Europeu e o fim da Guerra Fria, os produtos usados para fabricar armas foram armazenados em grandes barris, hoje enferrujados e jogados ao léu por toda a cidade. Com o tempo, muitos dilataram e vazaram. O que escapou ajudou a transformar um grande lago local no Mar Branco, um reservatório inflamável de resíduos químicos. O apelido se deve à espuma branca que cobre toda sua superfície. Biólogos dizem que o lago contém a mais alta concentração mundial de dioxina, produto cancerígeno. Mesmo quando a temperatura cai a menos 40 graus Celsius no inverno, o lago fica aquecido por causa dos efluentes químicos. Apesar do enorme perigo que isso representa, muitos moradores de Dzerzhinsk nadam nessas águas porque "são muito agradáveis e nunca congelam", segundo o depoimento de um deles.

Kabwe, Zâmbia 



A segunda maior cidade do sul da África era o lar de uma das maiores fundições de chumbo do mundo até 1987. Como resultado, a cidade inteira está contaminada com esse metal pesado, que pode causar danos ao cérebro e ao sistema nervoso em crianças e fetos. “O nível de chumbo no sangue das crianças geralmente é superior a 50 microgramas por decilitro, e em alguns casos, maior que 100 mcg/dl,” afirma Fuller. “A cada 10 pontos acima dos 10 mcg/dl no sangue – padrão do centro de controle de doenças dos Estados Unidos para o tratamento –, há uma queda no Q.I.”. 


La Oroya (Perú)


Apesar de ser uma das menores comunidades na lista (a população é de 35 mil habitantes), também apresenta um dos maiores índices de poluição devido à mineração de chumbo, zinco e cobre da Doe Run, uma empresa de mineração americana. 

Linfen (China)


Uma cidade no coração da região de carvão da China, na província de Shanxi, seus três milhões de habitantes sufocam com a poeira e bebem o arsênico provenientes do combustível fóssil. Além disso, “a poluição do ar é tanta que mal dá para enxergar alguma coisa”, diz Robinson.


Norilsk (Russia)


Essa cidade acima do Círculo Ártico contém o maior complexo de fundição de metais e, portanto, parte da pior neblina poluída do mundo. “É tanta poluição no ar que não há uma planta viva numa área de 30 km da cidade. A contaminação (por metais pesados) já chegou a 60 km de distância,” explica Fuller. 



Ranipet (India)


Ranipet é uma cidade da Índia. É uma das cidades mais poluidas do mundo. Sua poluição se deve ao fato de uma indústria de couro produzir resíduos tóxicos, como o cromo hexavalente; essa empresa já produziu, aproximadamente 1.500.000 toneladas de resíduos tóxicos.
A água contaminada dizimou a agricultura e provoca feridas em quem entra em contato com ela.



Sumgait (Azerbaijão)


A cidade era um centro industrial soviética com mais de 40 fábricas que manufaturavam produtos químicos industriais e agriculturais, como a borracha sintética, o cloro, o alumínio, os detergentes, e os insecticidas. Quando as fábricas permaneceram totalmente operacionais cerca de 70-120.000 mil toneladas de emissões prejudiciais foram liberadas no ar anualmente.
A população tem um número de 22% a 51% maior de casos de câncer que os habitantes do resto do país, e seus filhos sofrem de uma gama de complicações genéticas, de retardo mental a doenças nos ossos.

10 pessoas mais velhas de todos os tempos

O boliviano Carmelo Flores Laura leva uma vida tranquila na cidade de Frasquia. Não fala espanhol. Para bater um papo com o ancião, só se dominar a língua indígena nativa, a Aymara. O aparente isolamento não impediu, no entanto, que seu nome circulasse na imprensa internacional na última semana. O motivo? Documentos recuperados por sua família indicam que Carmelo tem 123 anos de idade e vai muito bem, obrigado.
Caso seja comprovada a impressionante longevidade, Carmelo assumirá o topo do ranking dos supercentenários – seleto grupo de pessoas que passaram dos 110 anos. Referência na identificação, confirmação e registro de supercentenários vivos e falecidos, o Grupo de Pesquisa em Gerontologia (GRG, na sigla em inglês) já deu seu parecer sobre o assunto: na opinião dos pesquisadores, o boliviano dificilmente nasceu em 1890 como indicam os papéis. Além de não terem sido encontradas as cópias originais dos documentos, outro fator alertou para o possível erro de registro – Carmelo é homem. Segundo o GRG, 90% dos supercentenários confirmados são mulheres.
Investigações conduzidas pelo grupo de pesquisa apontam que, na verdade, Carmelo pode ter 107 anos, o que o colocaria a 8 anos de distância da atual detentora do título de pessoa mais velha do mundo, a japonesa Misao Okawa, nascida em 1898, e ainda mais longe do atual grupo de dez velhinhos fantásticos que encabeça a lista de super-supercentenários. Enquanto não se chega a um veredicto, conheça as 10 pessoas mais velhas de todos os tempos:

10. Maggie Barnes (1882 – 1998)
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Idade: 115 anos e 319 dias
Maggie Barnes nasceu em 1882, mesmo ano do assassinato do icônico cowboy Jesse James pelo covarde Robert Ford. Natural do estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, a supercentenária era filha de escravos e foi casada com um arrendatário rural. Teve quinze filhos, mas apenas quatro deles ainda estavam por aqui quando a simpática velhinha faleceu em 1998.

9. Jiroemon Kimura (1897 – 2013)
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Idade: 116 anos e 54 dias
Jiroemon Kimura era o detentor do cinturão de Decano da Humanidade até a sua morte, no último mês de junho. Mas seus feitos não param por aí: o longevo japonês é o homem mais velho que já viveu – único representante do sexo masculino a ter comprovadamente chegado à marca dos 116 anos. Nada mal.
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8. Besse Cooper (1896 – 2012)
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Idade: 116 anos e 100 dias
Besse Cooper também soprou velinhas 116 vezes. No seu último aniversário, em agosto de 2012, a ex-professora comemorou ao lado da família – tinha quatro filhos, onze netos, quinze bisnetos e um trineto. Nascida no Tennessee, a estadunidense contava que sua receita para viver longos anos era simples: cuidava da própria vida e não comia besteiras. Anota aí.
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7. Elizabeth Bolden (1890 – 2006)
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Idade: 116 anos e 118 dias
Elizabeth Bolden – ou Lizzie, como costumava ser chamada – com certeza tinha um bocado de história para contar: a estadunidense, nascida em 1890, viveu parte de três séculos diferentes. Também nascida no estado do Tennessee, filha de escravos alforriados, ela passou grande parte de sua vida trabalhando ao lado do marido em uma plantação de algodão. Quando faleceu, em 2006, Lizzie tinha 40 netos, 75 bisnetos e 450 trinetos e tetranetos.

6. Tane Ikai (1879 – 1995)
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Idade: 116 anos e 175 dias
A japonesa Tane Ikai era a terceira filha de seis irmãos em uma família que se dedicava à agricultura. Apesar de ser a mais anciã representante da Ásia, Tane nunca recebeu o título de Decana da Humanidade. Isso porque ela foi – durante muitos anos – contemporânea da representante #1 desta lista.

5. Maria Capovilla (1889 – 2006)
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Idade: 116 anos e 347 dias
Representante da América do Sul no clube dos 110, a equatoriana Maria Esther Capovilla também pôde acompanhar um pouquinho de três diferentes séculos. Filha de um coronel, Maria frequentava os círculos da alta sociedade e estudava arte. Ao longo de sua vida, Maria preferiu ficar longe de cigarros e bebidas (um fator comum entre os centenários) e passava seus dias vendo TV, lendo jornais e caminhando, mesmo depois da avançada idade. Ela faleceu em 2006, apenas 17 dias antes de completar 117 anos.



4. Marie Louise Meilleur (1880 – 1998)
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Idade: 117 anos e 230 dias
Foi o ano em que Thomas Edison inventou a luz incandescente. Foi também o ano em que Werner von Siemens construiu o primeiro elevador elétrico. Marie Louise Meilleur nasceu em 1880 no Canadá, seis meses depois de Maria Olívia da Silva, a supercentenária brasileira que supostamente teria vivido 130 anos (o topo do ranking seria verde e amarelo caso a idade de Maria fosse comprovada). A canadense, que passou a maior parte de sua vida na região de Ontário, teve 10 filhos, 85 netos, 80 bisnetos, e 61 trinetos e tetranetos.

3. Lucy Hannah (1875 – 1993)
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Idade: 117 anos e 248 dias
Lucy Hannah carrega a medalha de bronze no aspecto longevidade. Mas, apesar de ter vivido 117 anos e 248 dias, a estadunidense é a mais velha representante do clube dos 110 a não ter garantido uma entrada no Livro Guinness de Recordes. O título lhe escapou por conta de Jeanne Calment (ela de novo!), a insuperável primeirinha do grupo. No caso de Lucy, o segredo para a longa vida parece estar no código genético: duas de suas irmãs alcançaram a marca dos 100 anos, e sua mãe viveu 99 anos.

2. Sarah DeRemer Knauss (1880 – 1999)
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Idade: 119 anos e 97 dias
Sarah Knauss foi uma habilidosa costureira – foi ela quem fez o próprio vestido de noiva. A estadunidense acompanhou duas Guerras Mundiais, 23 presidentes dos Estados Unidos e o naufrágio do Titanic. O seu segredo da longevidade? Segundo Kathryn, sua única filha, sua mãe sempre foi uma pessoa muito tranquila e não se irritava com nada. Pelo visto, a filha aprendeu bem: Kathryn viveu 101 anos. Tranquilidade ou um ótimo DNA?

1. Jeanne Calment (1875 – 1997)
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Idade: 122 anos e 164 dias
Não são apenas os muitos anos vividos por esta francesa que tornam sua história fascinante. Jeanne Calment, nascida em 1875 na cidade de Arles, a francesa (que acompanhou a construção da Torre Eiffel) tinha uma boa anedota para contar: aos 13 anos, ela conheceu Vincent Van Gogh. O pintor visitou a loja do tio da garota para comprar materiais. O encontro certamente causou uma impressão forte em Jeanne, que era categórica ao afirmar que Van Gogh era “sujo, mal vestido e desagradável”. Apesar de nunca ter praticado esportes, não ter aberto mão do cigarro até os 117 anos e de ter tido como hábito comer quase 1kg de chocolate por semana (pode estar aí o segredo!), Jeanne nunca ficou parada: andou de bicicleta até os 100 anos.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Titanic

Naufrágio Oceano Atlântico - 1912 - 1523 mortos  - 705 feridos

O Titanic não era o navio mais seguro da época. Nem o mais luxuoso. Seu acidente teve menos vítimas do que outros. Apesar de tudo isso, essa é a tragédia marítima mais famosa do mundo. Entenda o erro que fez o navio afundar - e por quê, 100 anos depois, sua história continua fascinante

Em 14 de abril de 1912, o americano Jack Thayer, de 17 anos, esticou as pernas para curtir a noite no deque do Titanic, um colosso de 269 m de comprimento (quase 3 campos de futebol). O navio havia zarpado 4 dias antes de Southampton, na Inglaterra, com destino a Nova York. "As estrelas brilhavam como diamantes. Era o tipo de noite que deixa você feliz por estar vivo", recordaria anos depois. A sensação de paz durou pouco: às 23h40, o Titanic atingiu uma barricada de gelo. Das 2228 pessoas a bordo, 1523 morreram. Aquela viagem inaugural se tornou a mais famosa tragédia marítima da história, capaz de render, em 1997, um dos filmes mais vistos e premiados desde a invenção do cinema - e que agora, por ocasião dos 100 anos do naufrágio, é relançado em 3D. Mas por quê, afinal, ninguém viu aquele iceberg a tempo?

Para a alta sociedade de 1912, o Titanic parecia o suprassumo da segurança. Quinze mil trabalhadores o haviam construído nos estaleiros da empresa Harland and Wolff, em Belfast, na Irlanda. Ele contava com 16 compartimentos estanques, cujas portas, todas à prova d¿água, eram fechadas de forma automática. A companhia inglesa White Star Line, proprietária da embarcação, garantia que ela era "praticamente inafundável".

Com tanta tecnologia, os botes salva-vidas eram mera formalidade. O plano original previa 64, mas a White Star só deixou 20. Juntos, eles podiam levar 1178 pessoas - menos da metade da capacidade total do navio (3547), embora 17% a mais do que a legislação britânica exigia.

A aura de segurança veio acompanhada de outros mitos que se mantiveram até hoje. "O Titanic não era o mais requintado nem o mais avançado navio da época. Seu único recorde era o tamanho", diz o historiador marítimo Paul Louden-Brown. O Titanic e seu irmão gêmeo, o Olympic, foram construídos para competir com o Lusitânia e o Mauritânia, da Cunard Line, que eram uma espécie de Concorde dos mares: velozes e fáceis de manobrar. Já o Titanic era como um Boeing 747. Tinha espaço de sobra, era mais econômico... e mais lento e atrasado. "A popa (parte traseira) do Titanic era a cópia fiel de um barco a vela do século 18", diz o historiador. "O leme era pequeno em relação ao casco. Isso o deixava lento para virar em caso de iceberg."

O capitão do navio, Edward Smith, era bem-visto entre os magnatas que cruzavam o Atlântico. Aos 62 anos, ele pretendia se aposentar após a viagem. O que poucos sabiam na época é que Smith possuía várias barbeiragens no currículo. Em 1899, por exemplo, o navio Germanic tombou sob seu comando quando rumava ao encouradouro de Nova York. Na viagem inaugural do Olympic, em junho de 1911, Smith danificou um rebocador ao se aproximar do mesmo porto. Em setembro, ao deixar a costa britânica, o capitão colidiu o Olympic contra o cruzador Hawke, que teve a proa amassada. No ano seguinte, o Titanic deixou Southampton às 12h15 de 10 de abril. Quase provocou um acidente minutos depois: Smith passou raspando nos barcos New York e Oceanic. Ainda assim, foi uma viagem tranquila até o dia 14.

Na sala de comunicações, a tensão era crescente. A partir das 9h, o rádio-operador John Phillips começou a receber mensagens de barcos na redondeza. "Icebergs e campos de gelo", avisou o Caronia. "Muito gelo", advertiu o Noordam. Informado do perigo, o capitão Smith entregou uma das mensagens a Joseph Bruce Ismay, dono da White Star Line. Mas o chefe colocou a mensagem no bolso e foi almoçar. No restaurante, Ismay comentou sobre os avisos. "Suponho que o senhor vai diminuir a velocidade", disse a passageira Emily Ryerson, que sobreviveu para contar o diálogo. "Ao contrário", respondeu Ismay. "Vamos acelerar para sair logo do gelo."

Às 17h05, o navio Amerika alertou que havia 2 icebergs na rota. Às 19h30, o Californian indicava que havia 3 icebergs na zona. "O capitão Smith, porém, não soube dessa mensagem, já que estava no restaurante como convidado de honra de uma festa", afirma a pesquisadora americana Susan Wels no livro Titanic.

Pouco antes das 21h, enquanto o jovem passageiro Jack Thayer se espreguiçava no deque, o capitão voltou para a ponte de comando e mandou os vigias Frederick Fleet e Reginald Lee ficarem de olhos bem abertos. Na época, o melhor jeito de identificar um iceberg era observando o anel de espuma formado pelas ondas que rompem sobre ele. O problema é que não ventava naquela noite - logo, não havia ondas. Pior: os vigias não tinham binóculo.

Às 21h40, o navio Mesaba reportou "numerosos icebergs" na rota do Titanic. Mas John Phillips estava tão ocupado com os telegramas dos passageiros que não deu atenção. Às 23h, o cargueiro Californian interrompeu o sinal de Phillips para anunciar que estava bloqueado pelo gelo. Irritado, ele respondeu: "Cale a boca! Estou ocupado. Estou trabalhando com Cape Race (estação de rádio mais próxima)." O operador do Californian desligou o receptor e foi dormir. A maioria a bordo do Titanic já estava sonhando. E o pesadelo iria começar.

Às 23h40, o vigia Fleet tocou o sino 3 vezes e ligou para a ponte de comando. "Iceberg! Logo à frente!", gritou ao microfone, desesperado. A massa de gelo estaria a até 2 km de distância, estimam os especialistas. O 1o oficial, William Murdoch, ordenou reverter os motores e girar tudo a estibordo no timão (ou seja, curva à esquerda). Mas o lado direito do casco bateu no iceberg por 10 segundos. "Não foi uma grande colisão, e sim raspão, que produziu 6 pequenas fendas - algumas tão finas quanto um dedo", diz Wels. "Mas elas estavam 6 m abaixo da linha da água, onde a pressão era muito alta."

Thomas Andrews, o projetista do Titanic, ficou pálido ao inspecionar o casco. Ele havia desenhado o navio para flutuar com 4 compartimentos inundados, mas a colisão afetou 5. Era fato: o Titanic afundaria. "Quanto tempo temos?", perguntou o capitão. "Uma hora e meia, talvez duas. Não muito mais", disse Andrews.


Erro grosseiro
Essa é a principal hipótese sobre a causa da colisão. Em 2010, porém, a escritora britânica Louise Patten reavivou a polêmica ao afirmar que o Titanic tinha, sim, tempo suficiente para virar. O problema foi que o timoneiro Robert Hitchins, em pânico, teria tomado a direção errada ao ouvir a ordem do capitão de "virar a estibordo". Patten é neta do sobrevivente Charles Lightoller, que em 1912 servia como 2o oficial do Titanic. Segundo ela, o navio foi inaugurado na transição do sistema a vela para o de vapor. "Os dois sistemas de direção eram opostos entre si", disse ela. No sistema a vela, a ordem de virar a "estibordo" significava girar o leme à esquerda. Já no sistema a vapor, queria dizer o contrário. Treinado no método antigo, o timoneiro teria confundido as bolas. Quando o equívoco foi corrigido, 2 minutos haviam se passado. E já era tarde demais.

Patten diz que Lightoller soube disso ao presenciar uma conversa entre os oficiais do Titanic. Segundo a escritora, o avô manteve o segredo perante as 2 comissões de inquérito (Estados Unidos e Reino Unido), pois se sentia no dever de proteger os patrões e os colegas de trabalho - que perderiam o emprego se a empresa fosse condenada. Lightoller só contou à esposa, que passou o segredo à neta.

Se isso for verdade, o Titanic naufragou por um tremendo erro humano. Provavelmente, outro século vai passar sem que saibamos toda a história - muitos dos ingredientes da tragédia ainda são desconhecidos, e sempre é possível que surja um novo documento, ou depoimento, ou pesquisa com os restos do navio. E esse é só um dos elementos que garantem que o desastre continue sendo tão fascinante. O navio afundou em tempos de paz, dirigia-se para os Estados Unidos (e com muitos americanos a bordo), foi vencido por uma força da natureza (um iceberg) e, principalmente, tinha passageiros de renome, que viveram dramas tocantes. O magnata Ben Guggenheim se vestiu de branco para esperar a morte, anunciando que dava lugar a mulheres e crianças no bote salva-vidas. Já a americana Ida Straus recusou um lugar no bote para morrer de mãos dadas com o marido, Isidor.

Enquanto as polêmicas continuam a surgir tanto tempo depois, o transatlântico continua sua lenta transformação em um monte de detritos, a 3800 m nas profundezas do Atlântico.
Explosão nas filipinas
A pior tragédia marítima em tempos de paz foi resultado do choque entre o ferry Doña Paz e o petroleiro Vector, que deixou quase três vezes mais mortos do que o Titanic: 4386 vítimas. Em 20 de dezembro de 1987, a balsa se aproximava da ilha filipina de Marinduque quando colidiu com o navio-tanque, carregado com 8300 barris de petróleo. A explosão ocorreu por volta das 22h. O petroleiro se partiu em dois e afundou imediatamente. O Doña Paz demoraria duas horas para ir a pique. As duas embarcações tinham problemas: o Vector operava sem licença e o Doña Paz, que tinha capacidade para 1500 passageiros, estava superlotado. Além disso, na hora do acidente, a tripulação do ferry bebia cerveja e assistia a um filme. Só havia um funcionário monitorando o navio.

Cidade flutuante
Comprimento - 269 metros
Altura - 32 metros
Largura - 28 metros
Chaminés - 4, de 19 metros cada
Âncoras - 3, de 15 toneladas cada
Peso total - 46 329 toneladas
Velocidade de cruzeiro - 21 nós (39 km/h)
Velocidade máxima - 24 nós (44 km/h)
Botes - 20 (16 de madeira e 4 desmontáveis)
Potência total - 46 mil cavalos-vapor
Carvão estocado - 4 427 toneladas
Provisões - 40 toneladas de batata, 34 toneladas de carne, 5 toneladas de peixe, 36 000 maçãs, 1000 garrafas de vinho, 8 000 charutos
Corpos na praia
Em 6 de março de 1916, o transatlântico espanhol Príncipe de Astúrias bateu em um rochedo na Ponta de Pirabura, na costa de Ilhabela (SP), e afundou. Das cerca de mil pessoas que estavam a bordo, 470 morreram. Os corpos chegaram até a beira da praia às dezenas. O navio seguia a rota de Barcelona a Buenos Aires e ficou afundado a 400 m de profundidade. Na época, a tragédia foi imediatamente comparada à do Titanic, ocorrida quatro anos antes. Foi o segundo maior naufrágio já ocorrido na costa brasileira. O maior foi a explosão do galeão português Santa Rosa, na costa de Pernambuco, em 6 de setembro de 1726, que deixou 698 vítimas fatais. Mais recentemente, no Réveillon de 1989, o Bateau Mouche IV afundou, matando 55 pessoas na baía de Guanabara.
Missão secreta
Depois de submergir, o Titanic desapareceu. Várias expedições tentaram encontrá-lo nas décadas seguintes, sem sucesso, até que, no fim dos anos 1970, a procura ganhou um forte aliado: o geólogo marinho Robert Ballard. Ele sabia o que fazer, só precisava de dinheiro. O governo americano aceitou financiar o pesquisador, com a condição de que ele usasse o rastreio do Titanic como fachada para uma missão secreta: a busca dos submarinos nucleares USS Thresher e USS Scorpion, que haviam se perdido na região nos anos 1960. O especialista encontrou os dois e descobriu que eles haviam implodido devido à alta pressão da água. Em 1º de setembro de 1985, por fim, Ballard chegou ao Titanic. Hoje em dia, o pesquisador diz que seria melhor se toda a riqueza histórica encontrada no navio tivesse ficado descansando lá embaixo, com o respeito e a paz que todo cemitério merece.
160 minutos O impacto contra o iceberg fez muita água invadir o navio. Depois de 2h40 de ataques à sua estrutura, o Titanic estava rachado ao meio - e submerso
1. Às 23h42, o raspão contra o iceberg produziu 6 fendas finas, 6 m abaixo da superfície do oceano. A pressão era grande e a água começou a invadir o casco ao ritmo de 7 toneladas por segundo. Uma hora depois, já havia 25 mil toneladas de água na proa, que começou a submergir.

2. Por volta das 2h, o barco já tinha sido invadido por 39 mil toneladas de água. O Titanic começava a rachar, enquanto o caos se instalava entre os passageiros. Na terceira classe, que tinha o acesso mais difícil ao convés, famílias inteiras buscavam uma saída entre os corredores encharcados.

3. Até que os restos do navio fossem encontrados, não se tinha certeza de que ele tinha rachado ao meio. Sabe-se hoje que a má qualidade do aço fabricado na época deve ter contribuído para o rompimento. Ele tinha altos níveis de impurezas, como enxofre e fósforo.

4. Sob uma pressão de 15 toneladas por metro quadrado, bem acima das 10 que o navio suportava, o casco começa a rachar e a traseira é erguida sobre o mar - desesperados, os passageiros que estavam no convés tentam se segurar.

5. Depois de ficar quase na posição vertical por cerca de um minuto, a popa fica boiando enquanto a proa começa a afundar. À medida que a pressão do mar aumenta, o ar da superfície que ficou preso no navio se comprime, até que provoca uma implosão.

6. A proa desce a 48 km/h. Até alcançar o leito do oceano, a 3800 m de profundeza, deixa um rastro: peças da casa de máquinas, móveis, roupas, pratos - e corpos. A popa também acaba afundando e encontra o solo a 600 m da outra parte do navio.


Navio 5 estrelas Squash, banho turco e biblioteca eram opções de lazer em alto-mar* 
O Titanic tinha escadarias, 3 elevadores e hospital com sala de cirurgia. As 3 classes tinham salas de estar e de fumo e contavam com áreas ao ar livre no convés.

O salão de jantar da primeira classe, com 532 lugares, imitava o estilo jacobino do século 17. Os quartos eram suítes finamente decoradas (4 delas tinham lareira).

A 1a classe podia nadar em uma piscina de 10 m de comprimento. Havia ainda banhos turcos e saunas a vapor, além de serviço de massagem.

Havia ainda instrutores de squash e ginástica, massagistas e músicos, todos para a primeira classe, que também era servida por garçons e camareiros.

A 3ª classe dormia em beliches, mas comia com fartura: pães, frutas, sopas, carnes e ovos eram servidos diariamente.

A 1ª classe dispunha de um salão de leitura com luz elétrica e lareira. A segunda contava com uma biblioteca.

O navio tinha uma quadra de squash de 30 x 20 m. Cada jogo custava US$ 0,50. Os passageiros ainda tinham acesso a aparelhos de remo e um cavalo mecânico para praticar equitação.

Salvamento seletivo O percentual de sobreviventes, de acordo com sexo, idade e situação social
1ª classe

Homens - 33%
Mulheres - 97%
Crianças - 83%


2ª classe

Homens - 8%
Mulheres - 86%
Crianças - 100%


3ª classe

Homens - 16%
Mulheres - 46%
Crianças - 34%

Carnaval e jantar Os eventos que celebram os 100 anos do desastre 
A prefeitura de Liperpool investiu US$ 3 milhões para organizar um carnaval de rua. O desfile vai representar o conteúdo da carta escrita pela filha de William McMurray, um passageiro que morreu na tragédia.

Em 14 de abril de 2012, a Sociedade Histórica Greater Monessen oferece um jantar idêntico ao servido na última noite do Titanic. O menu inclui sopa de carne e ponche.

Em abril deste ano, um cruzeiro seguirá o caminho exato do Titanic, até o local onde ele afundou e com o mesmo número de passageiros da viagem de 1912. As passagens foram vendidas a US$ 4125 por pessoa.

A versão em 3D do filme Titanic, do diretor James Cameron, foi preparada para chegar aos cinemas no mês em que se completam 100 anos do acidente.

4 razões científicas para adotar um cachorro




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DIMINUI ESTRESSE NO TRABALHO
Pesquisadores da Universidade da Comunidade da Virginia pediram a 30 funcionários de uma empresa para levarem seus cachorros ao trabalho, durante uma semana. Outro grupo de 35 funcionários seguiria a rotina normal, sem a companhia dos bichinhos. Todos os voluntários tiveram de responder a questionários e ceder amostras da própria saliva aos pesquisadores (foi usada para medir o nível de estresse). Ao final do dia, os funcionários “solitários” acabavam o dia mais estressado do que os felizardos acompanhados pelo cão.
DEIXA SEU CORAÇÃO MAIS SAUDÁVEL
Se a companha de um cachorro deixa você menos estressado, não é difícil concluir que seu coração também fica mais saudável. Dessa vez a pesquisa é lá do Japão. Um grupo de pesquisadores monitorou a vida de 191 pessoas, de 60 a 80 anos, com colesterol alto, diabetes e pressão sanguínea alta. 40% dos participantes tinham cachorros. E era esse grupo que corria o menor risco de morrer (medido pela variação dos batimentos cardíacos). Já entre os que já tinham problemas nas artérias do coração, os donos de cachorros viviam, em média, até um ano a mais do que os outros. Os pesquisadores acreditam que, além de diminuir o estresse, a companhia do bichinho supre parte da nossa necessidade de interação social. E isso, claro, nos deixa mais saudável.
AJUDA A CONQUISTAR MULHERES
Quem fez o teste foi um psicólogo francês chamado Nicolas Guégen, da Universidade da Bretanha do Sul, na França. Ele pediu a um ator para pedir o número de telefone de mulheres aleatórias na rua. Na primeira vez, o cara foi sozinho. E só 11 mulheres, dentre 120 abordadas, passaram o número. Quando ele levou um cachorro o número subiu para 34 – sim, três vezes mais!
FAZ BEM AOS BEBÊS
Parece arriscado manter um bebê e um cachorro, cheio de bactérias, no mesmo lugar? Fique tranquilo. Eles só fazem bem: fortalecem o sistema imunológico dos pequenos. Médicos finlandeses acompanharam 397 recém-nascidos ao longo de um ano. E aqueles que ficavam menos doentes (29 dias a menos) eram os bebês que tinham um cão em casa.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Amor - O Fim




Vocês trocaram mensagens bobas pelo celular, dividiram brigadeiros de panela, assistiram TV juntos largados na poltrona e dormiram de conchinha. Foram, enfim, o centro da vida um do outro. Mas agora é cada um para o seu lado. E sempre fica um enorme ponto de interrogação: se era tão bom, por que acabou? Para entender, é preciso voltar no tempo e fazer um passeio pelas savanas africanas, 3 milhões de anos atrás. O homem caçava e protegia a família. A mulher cuidava dos filhotes. Mas, em determinado momento, os casais se separavam. O objetivo da família nuclear - nome técnico que os antropólogos dão ao conjunto de pai, mãe e filhos - era garantir que o homem ficasse por perto tempo suficiente para criar o filhote. Somente isso. Quando o filhote já estava crescidinho e não exigia atenção integral da mãe (que por isso podia voltar a se virar sozinha), o pai estava livre para ir embora e procurar outras fêmeas para procriar.

É daí que vem a chamada crise dos 7 anos. Esse é o período necessário para que uma criança se torne minimamente independente. Um estudo da ONU revelou que o número de separações vai aumentando a partir do 3o ano dos relacionamentos e atinge o pico no 7o ano - quando começa a declinar. Ou seja: o 7o ano realmente é a hora da verdade da relação. No filme O Pecado Mora ao Lado, de 1955, Marilyn Monroe faz o papel de uma mulher que se relaciona com um homem casado. Sabe qual é o nome original do filme, em inglês? The Seven Year Itch, ou "A Coceira dos 7 Anos". Porque é justamente nesse momento que a relação está mais ameaçada - pela comichão de trair.

As estatísticas variam, mas entre 50 e 60% dos homens têm sexo fora do casamento, contra 45 a 55% das mulheres. O aumento da infidelidade tem a ver com a independência delas, que já são quase metade da força de trabalho e estão diminuindo rapidamente a distância financeira para os homens (nos EUA, 22% das esposas já ganham mais do que os maridos). Mas as raízes disso estão dentro do cérebro. Lembra-se de quando dissemos, na primeira reportagem desta série, que os sistemas cerebrais (luxúria, paixão/amor e ligação) eram independentes? Isso tem um motivo - e não é complicar os relacionamentos. Pelo contrário: surgiu para que nossos ancestrais pudessem buscar estratégias reprodutivas diferentes. A mulher poderia ter um parceiro para protegê-la enquanto gerava os filhos de outro, enquanto o homem poderia espalhar seus genes alegremente por aí, com outras mulheres. A natureza não queria o ideal romântico de amor eterno. Ela queria que tivéssemos um backup reprodutivo, um plano B genético, e nos meteu nessa confusão.

E as circunstâncias também influem: na hora de decidir trair ou não, a relação do casal, a insatisfação com o parceiro, a oportunidade, tudo isso pesa.

Mas muita gente tem os genes, os hormônios, todas as oportunidades do mundo, e não trai. Nós não somos robôs biológicos. É possível resistir ao desejo de trair. Mas é muito mais difícil resistir a outro fenômeno, igualmente destrutivo para os relacionamentos: o ciúme. O mais engraçado é que esse monstro de olhos verdes, como chamou Shakespeare, surgiu com o objetivo oposto - preservar a relação monogâmica. Ao primeiro sinal de infidelidade, soa o alarme e a pessoa fica atenta. E, como homens e mulheres desenvolveram estratégias distintas de reprodução, também sentem ciúmes de coisas diferentes.

Como para o homem é muito dispendioso criar o filho de outro homem, ele sente mais ciúmes da infidelidade sexual. Já para a mulher, não faria tanta diferença se o homem distribuísse apenas esperma para as moças por aí; a grande ameaça é o envolvimento emocional, que coloca em risco a proteção e o cuidado que o homem dá a ela e aos filhos.

Em 2006, o neurologista japonês Hidehiko Takahashi fez exames de ressonância magnética no cérebro de homens e mulheres que comprovaram essas diferenças. Quando sente ciúmes, o homem usa partes do cérebro ligadas a comportamentos agressivos e sexuais, como a amígdala e o hipotálamo. Já nas mulheres, a área mais ativada durante as crises de ciúme é o sulco temporal posterior superior, associado à percepção de emoções nas outras pessoas.

E a internet está piorando o ciúme. Uma pesquisa feita por psicólogos canadenses com 308 voluntários descobriu que as redes sociais, como Orkut e Facebook, alimentam o ciúme. Sabe por quê? Nada menos do que 74,6% das pessoas adicionam ex-namorados ou rolos como amigos nessas redes - que depois o cônjuge atual vai fuçar atrás de indícios.

Com ou sem ciúme, a verdade é que boa parte dos relacionamentos está destinada a acabar. E esse momento pode ser muito difícil. "A natureza realmente exagerou no que diz respeito ao fim dos relaciomentos", diz Helen Fisher. Quando uma pessoa é abandonada, sua reação se divide em duas fases. A 1a é o protesto. É quando a a pessoa fica fazendo promessas, doida para reatar. Isso pode ser muito inconveniente. Mas ela não tem culpa. É o corpo agindo. "O cérebro estava acostumado com aquela recompensa [a pessoa amada], então faz você insistir mais e mais para tentar consegui-la de novo", explica a neurologista Suzana Herculano-Houzel. O pânico de ver que não está dando certo pode acionar o sistema de estresse do organismo, que por sua vez estimula novamente a produção de dopamina - ironicamente, fazendo a pessoa se sentir ainda mais apaixonada.



Depois vem a 2a fase: aceitação. Depois de ver que o amado não irá mesmo voltar, muita coisa pode passar pela cabeça da pessoa - depressão, confusão, frustração. Até mesmo ódio. Mas por que sentir algo tão ruim por alguém que se amou? É que o ódio e o amor passam pelas mesmas partes do cérebro - a ínsula e o putâmen. "A diferença entre os dois é que, no ódio, existe mais capacidade de planejar as ações. No amor, o julgamento está prejudicado", diz o neurologista Semir Zeki, da University College London. Então o ódio é mais racional que o amor? Não necessariamente. Mas ele tem sua função: é uma defesa do organismo para nos fazer seguir em frente. Em vez de ficarmos remoendo eternamente as dores, passamos a não querer mais ver a pessoa. "Assim como o cérebro associava coisas positivas a uma pessoa, ele pode passar a associar só sentimentos ruins, negativos", diz Suzana Herculano-Houzel. Todos nós sofremos e fazemos sofrer. E, se isso servir de consolo, as celebridades também se separam e sofrem, talvez até mais do que as pessoas comuns. Já ficou famosa a chamada "maldição do Oscar", que atingiria as vencedoras do Oscar de melhor atriz. Nos últimos 12 anos, apenas duas atrizes não se divorciaram após ganhar o Oscar. E logo após o prêmio deste ano, o marido da vencedora, Sandra Bullock, foi pego tendo um caso extraconjugal.

Tem gente que mata (e se mata) por amor. Mas a maioria das pessoas supera as dores emocionais da separação. Um estudo feito pela Universidade Northwestern mostrou que terminar uma relação não é tão ruim quanto pensamos que vai ser - geralmente leva metade do tempo que achamos. Isso acontece porque a mente tende a voltar a seu estado inicial: cientistas da Universidade de Massachusetts provaram que, após um ano, as pessoas que ganham na loteria apresentam os mesmos níveis de felicidade que as que se tornam tetraplégicas. Ambas voltam aos níveis de felicidade que tinham antes do fato extraordinário. E a melhor coisa para curar um coração partido é começar outro relacionamento. Disso você já sabe. Releia a primeira reportagem desta série, levante a cabeça, sacuda a poeira, vá à luta. Se não há bem que não se acabe, também não há mal que sempre dure. Força na peruca!


CERCADOS POR DARWIN
O adultério ajudou na evolução da espécie: é um plano B da natureza para que homens e mulheres possam buscar estratégias evolutivas diferentes.

DE SOLA
Após estudar 144 homens e mulheres recém-separados, a Universidade do Colorado comprovou: quem leva o pé na bunda sofre mais. O curioso é que a pessoa sofre mesmo se já estivesse infeliz na relação - e pode até se reapaixonar por quem a chutou.

A VIDA CONTINUA
Num estudo da North-Western, que acompanhou a vida amorosa de 70 universitários, a recuperação pós-rompimento levou em média 10 semanas - metade do tempo que os recém-separados esperavam.

Amor - O Meio





Parabéns. Você encontrou sua cara-metade, namorou, começou uma relação estável. Vocês moram juntos, saem juntos, fazem tudo juntos - suas personalidades estão grudadas, e é até difícil saber onde uma começa e a outra termina (como as colunas desta página, que representam a união absoluta, as das páginas anteriores, que representam a conexão entre duas pessoas, e as das próximas páginas, cujo significado você vai ver daqui a pouco). Uma situação extremamente rara: entre os mamíferos, apenas 3% das espécies são monogâmicas. Por que estamos entre elas? Há 3 milhões de anos, nossos ancestrais desceram das árvores e começaram a andar eretos. Um pequeno passo para o hominídeo, um grande salto para a humanidade e uma complicação danada para as fêmeas - que não conseguiam mais carregar os filhotes nas costas, como fazem os chimpanzés. Como não tinha jeito de colher raízes e se defender de leões e ao mesmo tempo segurar bebês nos braços, elas passaram a precisar da proteção e do sustento masculino. Para o homem, seria muito dispendioso alimentar e defender mais de uma mulher. Pronto: monogamia. Além disso, com o tempo, o cérebro humano foi ficando maior. E aí as mulheres passaram a ter dificuldades para dar à luz bebês tão cabeçudos por seu canal de parto estreito. A pélvis não podia crescer, ou os humanos não conseguiriam mais andar eretos. Algumas mulheres conseguiram parir filhotes mais imaturos, garantindo a continuidade da espécie. Mas significa que os bebês passaram a nascer ainda mais indefesos (um humano leva 18 anos para ficar adulto, 8 a mais que um filhote de chimpanzé) e dependentes da mãe. Aí, a natureza veio em socorro das mulheres estafadas. Criou o terceiro mecanismo cerebral do amor - o da ligação e do companheirismo. É um amor profundo, que deixa as pessoas calmas e seguras. Foi ele que possibilitou a criação das famílias - e fez nossa espécie chegar aonde chegou. E tem várias vantagens biológicas, como estender a vida do homem em 7 anos e a da mulher em 2 (ele porque passa a se alimentar melhor, e ela porque fica mais rica ao incorporar a renda do marido). Em suma: a rotina conjugal é boa. Mas tem uma consequência ruim - faz a testosterona despencar. Foi essa a conclusão de um estudo da Universidade Harvard, que analisou os níveis hormonais de 58 homens. Sem testosterona, os casais vão perdendo a vontade de sexo. E é aí que os problemas começam. Sem o mesmo encantamento de quando estavam apaixonadas, as pessoas ficam menos tolerantes, e começam a ver o outro como ele realmente é.
SILÊNCIO HORMONAL
Após o nascimento do primeiro filho, o nível de testosterona no homem cai até 33%. E atividades como brincar com a criança ou abraçar a mulher fazem com que caia ainda mais. É um mecanismo criado pela evolução para que o macho sossegue - e ajude a criar o filhote.

E aqueles casais que estão juntos há décadas e ainda se dizem apaixonados? Cientistas dos EUA monitoraram o cérebro de pessoas nessa situação e constataram que as áreas do cérebro relacionadas à paixão e ao romance realmente se acendiam quando elas pensavam na pessoa amada. A paixão pode, sim, durar para sempre. Mas isso só acontece com algumas pessoas - e ninguém sabe por quê. O fato é que, para a maioria, a paixão diminui com o tempo. E isso faz sentido. Seria difícil cuidar dos filhos e tocar a vida atordoado por aquela intensidade do início de romance. Mas como fazer a relação dar certo? Existem as recomendações que você já conhece (ter bom humor, não brigar por bobagens etc.). Tudo isso funciona. Mas só se você adotar a postura correta - que nem sempre é a mais óbvia. Um estudo da Universidade da Califórnia revelou que na Índia, onde 95% dos casamentos são arranjados, os casais têm níveis mais altos de satisfação e amor do que no Ocidente. É porque começam a relação sem esperar grande coisa: o amor nasce pequeno e cresce com o tempo. Aqui, ao contrário, jogamos toda a esperança do mundo nos ombros da pessoa amada, e o amor inevitavelmente vai diminuindo. O certo é não alimentar expectativas. Também tenha o hábito de ficar um pouco longe da outra pessoa, pois isso atiça o sistema de recompensa do cérebro. "A expectativa da recompensa é quase mais prazerosa que a recompensa em si", afirma o neurologista Semir Zeki. E tome cuidado com o excesso de familiaridade. Um estudo feito nos anos 70 com crianças israelenses criadas juntas num kibutz constatou que os meninos e as meninas se tornaram grandes amigos depois de adultos. Mas nenhum deles se casou: foi impossível sentir desejo por alguém tão familiar. O desejo está no que é novo. Falando nisso, não se acanhe. "A pornografia aumenta os níveis de testosterona", afirma a antropóloga Helen Fisher. Ela recomenda que os homens acessem sites eróticos. Seja como for, não se acomode. A evolução percorreu milhões de anos para que vocês pudessem estar juntos. Aproveite a felicidade a dois - que, segundo um estudo feito na Inglaterra, tem o auge aos 2 anos e 11 meses de relacionamento. A cizânia começa na próxima página.

Amor - O Início





"Quer viver um grande amor? Pergunte-me como." Parece uma promessa de charlatão - afinal, não existe nada mais imprevisível que a paixão, certo? Milhões de palavras foram gastas, ao longo dos séculos, para descrever os mistérios dela. Do matemático Blaise Pascal ("o coração tem razões que a própria razão desconhece") ao físico Albert Einstein ("como a ciência poderia explicar um fenômeno tão importante como o amor?"), todas as maiores mentes da humanidade se declararam impotentes frente aos mistérios e caprichos da paixão. Elas estavam erradas. A ciência está começando a descobrir que existe, sim, lógica no amor. E, quem sabe, até uma fórmula. Matemáticos da Universidade de Genebra estudaram 1 074 casamentos, analisando diversas características dos cônjuges, e chegaram a uma fórmula do que seria o par ideal - com maior taxa de felicidade e menor risco de separação. A mulher deve ser 5 anos mais jovem e 27% mais inteligente do que o homem (o ideal é que ela tenha um diploma universitário, e ele não). E é preciso experimentar bastante antes de decidir: uma análise feita pelos estatísticos John Gilbert e Frederick Mosteller, da Universidade Harvard, apontou que, se você se relacionar com 100 pessoas durante a vida, suas chances de encontrar o par ideal só chegam ao auge na 38ª relação. Faça tudo isso e você será premiado com 57% mais chance de ser feliz. Mas, se você achou essas condições meio sem sentido, ou no mínimo difíceis de seguir, acertou. As conclusões são puramente estatísticas, ou seja, projetam um cenário ideal e não levam em conta as decisões que as pessoas realmente tomam: praticamente todos os casais estudados pelos cientistas suíços (para ser mais exato, 99,81%) não viviam seguindo à risca a fórmula. Afinal, as pessoas não são equações. São uma pilha de neurotransmissores, hormônios - e experiências.

Imagine que você está numa festa. Muita gente interessante, troca de olhares, azaração. Na dança do acasalamento humano, os homens dão mais valor à beleza e à juventude - e as mulheres estão mais preocupadas com o nível socioeconômico do parceiro (sim, isso inclui dinheiro). Você provavelmente já sabe disso. É universal. "Num levantamento que fizemos com 10 mil pessoas, em 37 países, essas diferenças sempre se mantiveram - independentemente de local, habitat, sistema cultural ou tipo de casamento", afirma o psicólogo evolutivo David Buss, da Universidade do Texas, em seu livro A Evolução do Desejo. O que você não sabe é que essa diferença não é um clichê sexista - tem uma explicação cerebral. Quando o homem olha uma foto de sua mulher ou namorada, sua atividade cerebral se concentra nas áreas de processamento visual - como a área fusiforme, que processa as imagens de rostos. Já quando a mulher vê o homem, aciona circuitos relacionados a memória, atenção e motivação - como o corpo do núcleo caudato e do septo. Conclusão: para as mulheres, a beleza realmente não é o principal.

Ela é importante. Mas não é um objetivo em si; é um instrumento que a mulher usa para descobrir mais sobre o homem. Um estudo da Universidade de Michigan comprovou que, quando estão cogitando ficar ou ter um caso passageiro, as mulheres costumam preferir homens de traços bem marcados, masculinos. Mas, na hora de pensar numa relação séria, optam pelos que têm traços mais delicados. Isso acontece porque os homens de traços duros costumam ser saudáveis e passar genes de boa qualidade para os descendentes - e por isso são considerados instintivamente atraentes pela mulher. Mas eles também geralmente têm mais testosterona - hormônio que aumenta a propensão à violência e à infidelidade.
OS SEMELHANTES SE ATRAEM
Em 68% dos relacionamentos sérios (e 53% dos passageiros), as pessoas são apresentadas por um conhecido. Cerca de 60% dos romances surgem em ambientes semiprivados, como escola, trabalho ou uma festa - lugares onde a afinidade entre as pessoas é naturalmente maior. Só 10% dos romances se originam em bares e baladas.

COISA DE PELE
Homens e mulheres preferem o odor de pessoas cujo sistema imunológico seja complementar ao deles (o que ajuda a gerar descendentes saudáveis). Mas cuidado com a pílula anticoncepcional: ela pode distorcer essa comunicação olfativa, fazendo a mulher perder a capacidade de reconhecer o que a atrai.

PAIXÃO = AVENTURA
Quer fazer o romance engatar? Procure fazer coisas novas e/ou excitantes junto com a outra pessoa - como viajar ou andar de montanha- russa. É sério. Esse tipo de atividade eleva o nível de dopamina no cérebro, ativando os mecanismos relacionados à paixão.

Ou seja: os machões não são bons pares. E parecem estar saindo de moda. Pesquisadores da Universidade de Stirling, na Escócia, apresentaram uma série de fotos de homens para 4 791 mulheres de 30 países, entre eles o Brasil. E descobriram o seguinte: quanto melhor o sistema de saúde de um país, mais as mulheres preferem homens com traços femininos. Isso acontece porque, existindo menos doenças, as mulheres não dependem tanto de genes superfortes (presentes nos machões) para gerar descendentes saudáveis. E passam a preferir homens com rosto delicado. Mas o Brasil, caso você esteja se perguntando, ficou em último lugar no estudo - nossas mulheres, junto com as mexicanas, são as que mais preferem homens com cara de machão (Bélgica e Suécia, por outro lado, são o paraíso para os homens delicados). "Homens muito atraentes costumam ir atrás da estratégia de reprodução mais conveniente para eles: as relações de curto prazo. Já os mais femininos tendem a ser melhores provedores", afirmou a psicóloga Lise DeBruine, autora do estudo, ao jornal inglês Guardian.

Seja como for, um pouquinho de feiúra pode até ajudar o homem. Um estudo feito em 2008 pela Universidade do Tennessee avaliou 82 casais e descobriu que, quando a mulher é linda e o homem apenas razoável, o casal se comporta de forma mais positiva, com mais harmonia e companheirismo. A tese é que, como o homem está recebendo algo que valoriza muito, a beleza, ele dá duro para manter o relacionamento - o que acaba melhorando seu convívio com a mulher.

CHEGUE MAIS PERTO
Vocês se olharam, se interessaram, alguém tomou a iniciativa de ir falar com o outro. Antes mesmo de abrirem a boca, seus corpos já começaram a se comunicar. Sabe quando as pessoas dizem que "bateu uma coisa de pele"? Isso realmente existe. E tem fundamento científico. Preferimos pessoas cujo sistema imunológico seja complementar ao nosso, com quem possamos gerar descendentes geneticamente mais variados, com maior capacidade de resistir a doenças. E, como ninguém tem placa na testa dizendo qual tipo de sistema imunológico tem, o jeito que o corpo inventou de perceber e comunicar isso foi o cheiro.

Ok, o cheiro combinou e vocês partiram para a conversa - que pode ou não dar certo. O que precisa acontecer para que ela não acabe num silêncio constrangedor depois de 10 minutos? Sua história pessoal, os valores da família, da comunidade, as relações que já viveu, tudo isso ajuda a moldar o que você espera das pessoas - principalmente aquelas com as quais pretende ter algum tipo de relacionamento amoroso. "Enquanto crescemos, vamos criando um conceito da pessoa por quem iremos nos apaixonar, baseado nos exemplos que encontramos por aí. E os parceiros que encontramos podem corresponder a essa expectativa ou não", explica Semir Zeki, neurologista da University College London e autor de estudos sobre o cérebro das pessoas apaixonadas. Existem muitos testes que ajudam a descobrir qual é o seu tipo de personalidade e saber quais outros combinam com ele (em super.abril.com.br/revista/teste-do-amor você encontra um teste baseado nas conclusões da americana Helen Fisher, antropóloga da Universidade Rutgers e uma das maiores especialistas do mundo nas relações entre amor e cérebro).

Mas o que vai acontecer daqui para a frente no relacionamento tem mais a ver com a dança de hormônios dentro da sua cabeça. Ou você já viu alguém tomar racionalmente a decisão de se apaixonar? A natureza criou 3 mecanismos cerebrais que controlam o amor nos seres humanos: luxúria, paixão/romance e ligação. O mecanismo da luxúria (desejo sexual) está ligado à quantidade do hormônio testosterona - tanto em homens quanto em mulheres. Já o impulso da paixão e do romance é alimentado pela dopamina. E o terceiro sistema, da ligação e do companheirismo, é alimentado pela ocitocina (na mulher) e pela vasopressina (no homem). Os 3 sistemas são independentes. Ou seja: uma mulher pode amar o marido, estar apaixonada pelo vizinho e sentir atração pelo Johnny Depp, tudo ao mesmo tempo. Uma confusão só. "É como se houvesse uma reunião de comitê na sua cabeça", brinca Helen Fisher. E, para complicar ainda mais as coisas, esses sistemas interferem uns com os outros. Uma coisa leva a outra, principalmente quando as pessoas vão para a cama. O sexo pode aumentar os níveis de dopamina - que provoca paixão e romance. E o orgasmo provoca a descarga de ocitocina e vasopressina - os hormônios da ligação. É por isso que, biologicamente, não existe sexo 100% sem compromisso. Você sempre corre o risco de acabar se apaixonando por alguém com quem não tinha intenção de se envolver.

E assim foi para vocês. A noite foi incrível, e parece que a paixão está começando a rolar. Como ter certeza? É fácil. Você vai ficar meio aéreo, passar a comer e dormir menos e ficar horas e horas pensando na pessoa amada - um comportamento compulsivo, similar ao dos viciados em drogas. É isso mesmo: o neurotransmissor da paixão, a dopamina, é o mesmo envolvido nos casos de dependência química. E mexe com uma parte muito profunda do cérebro: o núcleo accumbens, que controla o sistema de recompensa - mecanismo que faz o indivíduo buscar coisas prazerosas (como comida, sexo ou amor). Ele tem uma influência incrivelmente forte sobre nós. "O sistema de recompensa avisa o cérebro sempre que uma coisa boa está para acontecer. Ficamos altamente motivados, antecipando o prazer que virá", diz Suzana Herculano-Houzel, neurologista da UFRJ e autora do livro Sexo, Drogas, Rock`n`roll... & Chocolate - O Cérebro e os Prazeres da Vida Cotidiana.

A partir de agora, sua felicidade depende da outra pessoa. Se ela telefona ou manda um e-mail, você vai ao paraíso. Quando ela some, você vive uma agonia lenta, desesperada. Se você está sentindo tudo isso, comemore. Está apaixonado.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Do carnaval ao réveillon - a origem das suas festas preferidas



Ilustração: Marcelo Cipis
O Natal é mais velho que o cristianismo. Bem, pelo menos a festa que originou o feriado de 25 de dezembro. Na Roma antiga, o dia mais curto do ano era comemorado com uma festa em que se cultuava o Sol. E, 3 séculos depois de morto, o nascimento de Jesus passou a ser celebrado justamente no dia do antigo culto dos romanos - logo Roma, que perseguiu os primeiros seguidores da então seita revolucionária. Ironia histórica. "Ritual não é algo fossilizado, imutável e definitivo", diz Mariza Peirano, doutora em antropologia pela Universidade de Harvard. Dois milênios mais tarde, as pessoas ainda cultivam antigos rituais. E criaram outros. Bebês católicos são batizados, judeus são circuncidados. E brasileiros, bem, às vezes já nascem com a camisa do time do pai exposta no quarto do hospital. "Quando e onde quer que nos deparemos com um grupo humano em sociedade, encontraremos práticas rituais", lembra Maria Ângela Vilhena, doutora em ciências sociais pela PUC-SP. Desde que surgem, rituais são adaptados ao longo do tempo, de acordo com os povos que os adotam. Os que mostramos aqui foram divididos de acordo com a origem: astronômicos ou agrícolas, além de ritos pessoais de passagem. Porque, mesmo que eles mudem de forma com os séculos, as motivações continuam semelhantes. Queremos entender a passagem do tempo. Ter o que comer todo dia. Ser felizes.

ANIVERSÁRIOA comemoração evoluiu ao longo do tempo, assimilando costumes de vários povos.
Egito Antigo, 3200 a.C.

No Egito antigo, só o faraó comemorava aniversário. Mas o hábito pegou. Na Grécia, surgiu o costume do bolo. No 6º dia de cada mês, com a chegada da lua cheia, os gregos faziam bolos de mel em homenagem à deusa Artêmis e, sobre eles, colocavam velas para representar o luar. Séculos depois, em Roma, o ato de comemorar o nascimento de alguém ganhou o nome de "aniversário", palavra do latim anniversarius, que quer dizer "aquilo que volta todos os anos". Os cristãos só começaram a festejar a data no século 4, quando o nascimento do próprio Jesus foi oficializado. Antes, achavam que era um costume pagão.

Rituais astronômicosA resposta de muitas coisas está no céu. Inclusive a que explica por que bolo de aniversário tem vela.

RAMADÃ
Arábia Saudita, 623

A origem está atrelada ao calendário islâmico, que é baseado nos ciclos lunares. Ramadã é o 9º mês do Islã e representa a viagem que Maomé fez de Meca a Medina. O feito determina o início da contagem dos anos na religião, que hoje está em 1433. No Ramadã, adultos não comem, não bebem nem fumam durante o dia.
NATAL 
Roma, 336

Do latim "Natale", significa "dia do nascimento". No caso, de Jesus. Em 336, o imperador romano Constantino I determinou que Jesus nascera em 25 de dezembro. Não foi aleatório. Nessa época ocorre o solstício de inverno no hemisfério norte, quando os romanos comemoravam o Natalis Solis Invict ("Natal do Sol Invencível"). Constantino usou a popular festa para impulsionar o cristianismo, recém-legalizado em Roma.

Rituais agrícolas
Homenagear mortos, pular Carnaval, acender fogueira. Tudo para ter comida à mesa.

RÉVEILLON
Nem sempre 1º de janeiro foi o dia de ano novo.
Mesopotâmia, 2000 a.C.

Povos da Mesopotâmia celebravam o ano novo há cerca de 4 mil anos. Normalmente, a passagem era determinada pelas fases da lua ou pelas mudanças das estações. Não em 1º de janeiro, que só virou dia do ano novo em 1582, com a introdução do calendário gregoriano no Ocidente. Até então, o Réveillon era festejado em 23 de março, coincidindo com o início da primavera no hemisfério norte, época em que as novas safras são plantadas. Daí a ideia de "recomeço". Não por acaso, réveiller, em francês, quer dizer "acordar". No Brasil, o branco virou padrão por simbolizar luz e bondade. Mas os hábitos variam muito de país para país. Por exemplo, dinamarqueses sobem em cadeiras para pular à meia-noite (preparar-se para os desafios) e peruanos arrumam malas e dão uma volta no quarteirão (para realizar o sonho de viajar).

FINADOS
Europa, entre 1024 e 1033

A Igreja instituiu o dia de Finados no século 11. Mas na Antiguidade os mortos já eram homenageados em banquetes para pedir proteção para as colheitas. No catolicismo, a data é celebrada em 2 de novembro. Uma das mais populares festas acontece no México. O Dia das Caveiras é um sincretismo entre a festa católica e um rito indígena. Reza a tradição que, ao longo do dia, os mortos vêm visitar parentes e amigos.

DIVALI
Índia, 1000 a.C.

O "Festival das Luzes" é celebrado por 4 dias de outono na Índia. Hindus usam roupas novas, acendem lamparinas e soltam fogos de artifício para simbolizar a vitória do bem. Uma das histórias da origem do Divali (ou Diwali) são as bodas dos deuses Vishnu e Lakshmi, que levam prosperidade às colheitas.

CARNAVAL
Há 3 mil anos a maior de todas as festas.
Roma antiga, 1000 a.C.

Para homenagear Saturno, deus da agricultura, os romanos faziam a Saturnália. Durante a festa, escolas não abriam, escravos eram soltos e o povo ia às ruas, onde um carro alegórico em forma de navio abria caminho na multidão fantasiada. Na Idade Média, o Carnaval era chamado de "festa dos loucos". No Renascimento, ganhou força na Itália, França e Portugal, países onde surgiram o pierrô, a colombina, o confete e a serpentina.

FESTA JUNINA
Europa, séc. 4

Na Europa medieval, o início das colheitas era comemorado em junho, quando as pessoas faziam fogueiras para espantar maus espíritos. Os festejos aconteciam na mesma época que as solenidades joaninas, em homenagem ao dia de são João. Com o tempo, os eventos se fundiram. No Brasil, a festa junina chegou no século 16, trazida pelos jesuítas.

Ritos pessoais de passagem
Pouco importa se a pessoa é religiosa ou não. A vida sempre é marcada por passagens de fases.

CASAMENTO
Juntar as escovas de dentes é um costume bastante globalizado.
Diversas origens

A cerimônia é herança dos romanos, mas a aliança é contribuição dos egípcios. Para eles, o anel, por não ter começo nem fim, simboliza a eternidade. Já o costume de jogar arroz é chinês e significa desejo de fartura. O buquê é grego e, reza a tradição, protegia as noivas do mau-olhado das solteironas. Durante muito tempo, as noivas se casavam de vermelho, cor do amor. Só no século 19 o branco foi adotado. A rainha Vitória, do Império Britânico, escolheu se casar de branco, por ser a cor da pureza. Outra moda lançada por ela foi a Marcha Nupcial, de Felix Mendelssohn.

BAILE DE DEBUTANTES
França, séc. 18

O termo début designava atores que estreavam na carreira. Com o tempo, o termo passou a ser usado para se referir a moças que entravam na vida social. Famílias ricas da França faziam festas em que apresentavam as filhas à sociedade. A partir de então elas estavam aptas para frequentar eventos.

CIRCUNCISÃO
Israel, 1300 a.C.

A circuncisão é um sinal visível da aliança invisível entre Deus e a humanidade. Há divergências quanto à origem, mas historiadores especulam que os hebreus teriam se inspirado nos egípcios ou nos etíopes ao adotar a prática. A remoção do prepúcio do bebê é um preceito judaico seguido até hoje.

BATISMO
Israel, 4000 a.C.

A imersão em água como sinal de purificação está presente em várias culturas. Judeus cumpriam o rito para admitir aqueles que abandonavam suas crenças para abraçar o judaísmo. Hindus usam até hoje o rio Ganges, na Índia, para se purificar. E muçulmanos fazem ablução (lavagem sagrada) antes de rezar. No catolicismo, além do batismo, água benta é usada como sinal de fé.

TROTE
França, 1342

O primeiro trote de que se tem notícia foi em 1342, na Universidade de Paris. Na época, calouros não frequentavam as mesmas salas que os veteranos e, por isso, tinham que assistir às aulas dos vestiários. Em 1491, na Universidade de Heidelberg, na Alemanha, os novatos tinham o cabelo raspado e ainda bebiam vinho com urina. O termo "trote" se refere ao andar do cavalo, ritmo entre a marcha lenta e o galope. Assim como o cavalo aprende a trotar, o calouro deve aprender a se comportar na universidade.

Fonte: Revista Superinteressante

20 conflitos militares ocorridos entre 1406 a.C. e 74 d.C


A conquista de canaã, terra prometida por Deus aos israelitas, começa por volta do século 21 a.C., com os profetas Abraão e Moisés. Mas foi só com o guerreiro Josué, provavelmente no fim do século 15 a.C., que o avanço dos hebreus sobre aquele território assumiu características de uma autêntica campanha militar. Primeiro, ele liderou um ataque devastador à fortaleza de Jericó. Depois, passou como um rolo compressor sobre os demais reis cananeus que controlavam a região. Foi sucedido no comando por outros líderes igualmente carismáticos e determinados - como os juízes Débora e Gideão, ou os reis Saul e Davi. Assim foi sendo escrita uma história de grandes vitórias, todas registradas na Bíblia. 

Nem só de glórias, porém, foi feita a trajetória israelita na ocupação da Terra Prometida. Eles colecionaram derrotas também. Sofreram nas mãos dos assírios, foram deportados e escravizados pelos babilônios, sucumbiram aos selêucidas e terminaram destroçados pelos romanos. Acompanhe nas próximas páginas essa longa jornada de sangue, suor e fé. 
Linha do tempo Com a morte do profeta Moisés, o Guerreiro josué vira líder militar dos israelitas e dá início a conquista da terra prometida 
1406 a.C. 
BATALHA DE JERICÓ Coube a Josué, sucessor de Moisés, a liderança do exército israelita que partiria com tudo para a conquista de Canaã. O primeiro alvo é a cidade fortificada de Jericó - uma posição estratégica no vale do rio Jordão. 
QUEM CONTRA QUEM - Soldados das tribos israelitas e os cananeus habitantes de Jericó.
ONDE - A cidade ficava na margem ocidental do Jordão, a cerca de 15 quilômetros do mar Morto. 

POR QUê - Além de ser um oásis (o que significava água fresca e produção de alimentos), Jericó era uma espécie de porta de entrada para a cadeia de montanhas da Judeia - de onde as tropas de Josué poderiam observar o movimento dos inimigos e lançar ataques a outras cidades-estado canaanitas. A intenção de Josué era usar a cidade como cabeça de ponte para o avanço de seu exército pelo rio Jordão. 
RESULTADO - Todos os habitantes de Jericó foram mortos e Josué fez questão de que a notícia do massacre corresse, para deixar apavorada a população de outras cidades canaanitas. Assim começou a campanha israelita pela conquista da Terra Prometida.

1406 a.C. - Reis cananeus começam a negociar uma coalização 

1. Dois espiões de Josué se infiltram entre os cananeus e vão a um bordel para obter informações sobre o inimigo. 
2. Josué ordena que alguns de seus homens marchem por 6 dias ao redor da cidade tocando trombetas e levando a Arca da Aliança. É provável que ele tenha usado essa tática para confundir ou assustar os defensores de Jericó. 
3. No 7º dia, o restante do exército israelita se junta aos trombeteiros com gritos de guerra. Parte das muralhas vem abaixo - segundo a Bíblia, um milagre de Deus. Os soldados de Josué, então, invadem a cidade, saqueiam-na e promovem uma chacina.
1406 a.C. - As cidades canaanitas de Gibeão fazem uma aliança com os israelitas 

ARMA SECRETA 
Construída com madeira de acácia e coberta de ouro, a Arca da Aliança guardava as tábuas dos 10 Mandamentos. A Bíblia fala dela secando rios e causando destruição. Provavelmente era levada à frente de batalha para dar ímpeto aos combatentes - afinal, ela representava a presença de Deus ao lado dos israelitas. 

MURALHA DUPLA 
Jericó era cercada por duas muralhas de pedra com 2 metros de largura na base e até 5 metros de altura. Construídas por volta do ano 8000 a.C., sua função original era proteger a cidade das inundações do rio Jordão. 

VIDA URBANA 
Estima-se que a população de Jericó fosse de até 2 mil habitantes - 20% deles responsáveis pela defesa. A cidade era próspera. Seus comerciantes faziam negócios com o Egito. 

VISTA PRIVILEGIADA 
Jericó dava acesso à cadeia de montanhas que atravessa a região longitudinalmente - uma posição estratégica para qualquer general que quisesse conquistar as demais cidades-estado canaanitas. 

OÁSIS COBIÇADO 
A Bíblia descreve Jericó como a "cidade das palmeiras". Por causa da existência de fontes d´água, seu entorno era uma mancha verde no meio do deserto. Havia abundância de árvores (inclusive frutíferas) e todas as condições necessárias para a criação de animais. 

SOM ANIMAL 
Feita de chifre de carneiro ou cabrito montês, a trombeta usada na batalha tem nome: shofar. Seu toque acabou virando tradição - ela é soprada nas sinagogas até hoje. 

TEORIA SÍSMICA 
Segundo a arqueóloga britânica Kathleen Kenyon, Jericó provavelmente foi destruída muito antes do período em que teria vivido Josué - por causa de uma sequência de terremotos que teria arrasado diversas cidades próximas à costa do Mediterrâneo (entre elas, Micenas). 
1406 a.C. 
CONQUISTA DE AI Com uma base recém-estabelecida em Jericó, os israelitas avançam sobre a cadeia de montanhas da Judeia. 
QUEM CONTRA QUEM - Israelitas e cananeus. 

ONDE - Entre Jericó e Gibeão. 

POR QUÊ - Para expandir seu domínio sobre Canaã, Josué precisava conquistar as montanhas da Judeia. Elas serviriam como proteção natural para seu exército, que ainda contava com armamento precário. A cidade de Ai estava no caminho para a cordilheira. Antes de atacá-la, porém, o chefe militar dos israelitas fez uma aliança com a vizinha Gibeão - além de guerreiro, ele se mostrava um astuto negociador. 

RESULTADO - Os israelitas sofreram baixas importantes no primeiro dia. A marcha nas montanhas havia deixado todos muito cansados. Josué, então, revelou outra de suas facetas: a de tático. Ele simulou uma retirada e foi perseguido pelas tropas inimigas. Com a guarda baixa, os cananeus foram surpreendidos pelo ataque de uma força israelita que permanecia escondida e acabaram aniquilados. 


JOSUÉ 8:25-26 O total dos que morreram naquele dia (...) foi de 12 mil, todos da cidade de Ai(1). Josué não retirou a mão que ele tinha levantado com a sua lança, até que foram mortos todos os habitantes de Ai(1). 

CONTROVÉRSIA ARQUEOLÓGICA Diz a Bíblia que os israelitas queimaram Ai e mataram todos os seus habitantes. Para muitos arqueólogos, no entanto, essa história não passa de mito. Escavações feitas em Et-Tell, numa área que corresponderia à antiga Ai, demonstram que o lugar realmente foi queimado, mas por volta de 2400 a.C. - ou seja, mil anos antes de Josué. Mesmo assim, há quem considere que o relato bíblico está correto, como os arqueólogos americanos Gary Byers e Bryant Wood. Para eles, errado é considerar que Ai ficava onde hoje está Et-Tell. Outras localidades, como Khirbet el-Maqatir, podem ter sido o verdadeiro palco da conquista.
1405 a.C. 
ÁGUAS DE MEROM Reis canaanitas se unem para deter o avanço de Josué sobre seus domínios, mas são trucidados. 
QUEM CONTRA QUEM - Soldados israelitas e uma coalizão de tropas canaanitas comandadas por Jabim, rei da cidade-estado de Hazor. 

ONDE - Vale das Águas de Merom, na Galileia. 

POR QUÊ - Os israelitas desconfiaram de que cidades como Hazor, Madom e Sinrom, no norte de Canaã, estavam formando uma aliança militar para derrotá-los. 

RESULTADO - Antes que o exército inimigo se organizasse, Josué atacou e riscou do mapa a ameaça canaanita. A vitória garantiu aos israelitas uma presença permanente na Galileia e domínio total sobre a maior parte de Canaã. Serviu também para elevar o moral dos combatentes. Eles haviam vencido um adversário muito mais forte, que dispunha de armas sofisticadas como carros de guerra e ainda levava vantagem numérica.

JOSUÉ 11:9-11 Josué tratou-os como o Senhor lhe tinha dito: jarretou seus cavalos e incendiou seus carros. Voltando, (...) tomou Asor e matou à espada seu rei, porque Asor era antigamente a capital de todos esses reinos. Passaram a fio da espada toda alma viva nessa cidade e votaram-na ao interdito. Nada ficou de tudo que tinha vida, e incendiou-se Asor.
1240 a.C. 

VITÓRIA SOBRE SÍSERA 
Com a morte de Josué, os israelitas são subjugados pelos cananeus. A situação só começa a ser revertida com os juízes - líderes religiosos e militares de Israel. 
QUEM CONTRA QUEM - Israelitas, agora liderados pela juíza Débora, e uma aliança canaanita sob o comando do general Sísera. 

ONDE - Perto do monte Tabor, norte de Israel. 

POR QUÊ - Convencida de que as tribos israelitas acabariam desaparecendo sob o jugo dos cananeus, Débora formou um exército e partiu para o ataque. 

RESULTADO - Débora e seu general, Barac, atraíram as tropas inimigas para uma área alagadiça na várzea do rio Quichon - um terreno que eles conheciam bem e lhes era favorável. A estratégia deu certo. Com cavalos e carros de guerra atolados, os canaanitas foram dizimados por seus oponentes. Do alto do monte Tabor, o povo de Israel agora podia observar movimentações inimigas no vale de Jizreel e lançar ataques sobre tropas acampadas nas encostas. 


JUÍZES 4:15-16 E o Senhor desbaratou Sísera(2) com todos os seus carros e o seu exército, que caíram ao fio da espada, diante de Barac. Sísera(2) (...) fugiu a pé, enquanto Barac perseguia os carros e o exército até Haroset-Goim. Todo o exército de Sísera(2) foi passado ao fio da espada (...).
1206 a.C. - Estela de merenptah (leia mais na pág. 68) 
DE CARRASCO A FUGITIVO Sísera era um general cananeu nada simpático. Com cerca de 900 carros de guerra em seu exército, oprimiu os israelitas durante 20 anos. Segundo a Bíblia, ele mantinha uma base fortificada de cavalaria em Haroset-Goim, que talvez corresponda ao sítio arqueológico de El-Ahwat. Ao ser derrotado por Débora, teria buscado refúgio numa tribo ali perto - onde viviam os queneus, supostamente aliados. Mas acabou assassinado pela esposa do chefe tribal, com uma estaca cravada em sua cabeça.
1194 a.C. 
CAMPANHA DA FONTE DE HARODE Sucessor de Débora, o juiz Gideão lidera israelitas contra povos nômades que atacavam e pilhavam suas aldeias. 
QUEM CONTRA QUEM - Israelitas e tribos midianitas. 

ONDE - Perto da fonte de Harode, no vale de Jizreel (norte de Israel). 

POR QUÊ - Os midianitas faziam ataques de surpresa às comunidades israelitas e pilhavam suas colheitas. Gideão convocou uma força-tarefa para acabar com a essa situação. 

RESULTADO - Na calada da noite, um destacamento composto de apenas 300 homens foi enviado por Gideão ao acampamento inimigo. Cada soldado levava uma tocha e uma trombeta. Sem serem notados, eles avançaram sobre as tendas nas quais dormiam seus adversários fazendo um barulho ensurdecedor e ateando fogo a tudo. Os midianitas fugiram em pânico. Pouco depois, foram massacrados pelo restante do exército israelita num desfiladeiro próximo.
EMBARCAÇÕES DO DESERTO Os midianitas eram guerreiros temidos nos tempos bíblicos principalmente por causa da destreza de seus arqueiros. Muitos deles montavam camelos, então considerados as "embarcações do deserto". Os animais garantiam mobilidade aos batalhões. Eram capazes de carregar até 200 quilos, comiam qualquer tipo de folhagem e passavam até uma semana sem beber uma gota d´água. As patas planas e largas, que não afundavam na areia fofa, permitiam às tropas deslocamento a até 16 km/h. 


JUÍZES 7:25 Tendo capturado dois chefes midianitas(3), Oreb e Zeb, mataram Oreb no rochedo de Oreb, e Zeb no lagar de Zeb. E continuaram a perseguir os midianitas, levando as cabeças de Oreb e de Zeb a Gideão(4), no outro lado do rio Jordão.
1075 a.C. - Sansão e Dalila 


1070 a.C. - Filisteus roubam a arca da aliança 
1040 a.C. 
BATALHA DE MICMÁS 
Depois de cananeus e midianitas, os israelitas partem para cima dos filisteus - consolidando o domínio sobre Canaã. 
QUEM CONTRA QUEM - Israelitas, agora liderados pelo rei Saul e seu filho Jônatas, contra filisteus. 

ONDE - Vilarejo de Micmás, 8 km a nordeste de Jerusalém, na atual Cisjordânia. 

POR QUÊ - Os filisteus, de origem mediterrânea, haviam conseguido se apossar do desfiladeiro de Micmás e, de lá, lançavam ataques contra vilas israelitas. Foi quando Saul, primeiro rei de Israel, decidiu contra-atacar formando um exército permanente de 3 mil soldados. 

RESULTADO - Acompanhado apenas por um escudeiro, Jônatas atacou os filisteus pela retaguarda, matando pelo menos 20 deles e provocando uma debandada. Saul aproveitou a confusão entre os inimigos para lançar uma ofensiva frontal e decisiva. A campanha militar contra os filisteus, no entanto, se prolongaria por anos - culminando com a morte do rei de Israel em combate no monte Gilboa. 


1 SAMUEL 14:13-14 (...) Os filisteus caíram diante de Jônatas, e o seu escudeiro matava-os atrás dele. Esse foi o primeiro massacre que fizeram Jônatas e o seu escudeiro, metade de uma jeira de terra.
1024 a.C. - Davi mata Golias 

1000 a.C. 
JERUSALÉM A esta altura, Davi já é o chefe dos israelitas. Depois de unificar Judá e Israel, ele decide tomar a cidade para fazer dela sua capital. 
QUEM CONTRA QUEM - Um pequeno exército israelita, sob o comando do rei Davi, e tropas de jebuseus. 

ONDE - Jerusalém, na época conhecida como Jebus - uma fortaleza extremamente bem protegida, postada sobre a colina de nome monte Sião. 

POR QUÊ - Davi resolveu que aquela cidade, localizada no coração da Judeia, seria a sede perfeita para o seu reino recém-unificado. 

RESULTADO - Soldados de Davi teriam invadido Jerusalém pelos túneis de abastecimento de água - instaurando pânico entre os habitantes e possibilitando que os guerreiros do lado de fora escalassem as muralhas. Depois de um combate corpo a corpo, os jebuseus se renderam. Mais tarde, Davi delegaria a seu filho - o futuro rei Salomão - a tarefa de construir na cidade um templo para abrigar a Arca da Aliança - símbolo máximo do pacto entre Deus e os israelitas. 


2 SAMUEL 5:6-7 Davi partiu com seus homens para Jerusalém, contra os jebuseus que ocupavam a terra. Estes disseram a Davi: tu não entrarás aqui, cegos e coxos te repelirão {o que queria dizer: Davi não entrará jamais aqui}. Mas Davi apoderou-se da fortaleza de Sião, que é a cidade de Davi. 


TROPA DE ELITE 
O exército de Davi tinha uma unidade de elite: os gibborim, que as distintas versões do Velho Testamento traduzem como "valentes" ou "heróis". Não se sabe quantos eles eram. A Bíblia ora diz que eram 3, ora afirma que eram 30. Teriam sido escolhidos a dedo pelo rei pela bravura que já haviam demonstrado em combate.


970 a.C. - Salomão sucede Davi

890 a.C. 
CERCO A SAMARIA Israel estava ficando tão forte que já assustava os governantes sírios de Harã. Um deles decide atacar antes de ser atacado. 
QUEM CONTRA QUEM - Israelitas, sob o comando do rei Acabe, e uma coalizão militar síria liderada por Ben-Hadade 1º. 

ONDE - Samaria, então capital israelita. 

POR QUÊ - Após a morte do rei Salomão, em 930 a.C., a monarquia unificada israelita tornou a se desmembrar em dois reinos: Judá, com capital em Jerusalém, e Israel, com capitais transitórias - entre elas, Samaria. Sob o governo de Acabe, Israel amea-çava se converter numa potência militar em Canaã. Os sírios resolveram agir antes que isso ocorresse. 

RESULTADO - Ben-Hadade mobilizou combatentes de 32 reinos sírios para o cerco à cidade. Ele acreditava que a vitória era apenas uma questão de tempo. De repente, um grupo de 232 jovens soldados israelitas saiu em disparada de Samaria, conseguiu furar o bloqueio e atacou as tropas sírias. O restante das forças de Acabe aproveitou a confusão para investir contra o acampamento inimigo. Hadade fugiu.
1 REIS 20:1 Ben-Hadade(5), rei da Síria, mobilizou todo o seu exército.Tinha com ele 32 reis, cavalos e carros. Subiu, pôs o cerco diante de Samaria e atacou-a.
874 a.C. - Acabe vira rei de Israel 
874 a.C. 
COLINAS DE GOLàDesta vez, os israelitas pegam bem mais pesado com seus adversários da Síria e matam milhares de soldados inimigos. 
QUEM CONTRA QUEM - Tropas israelitas e uma coalizão militar síria. 

ONDE - Golã, um território que havia pertencido a Israel, mas estava sob controle sírio. 

POR QUÊ - Depois do cerco frustrado a Samaria, os israelitas sabiam que seus oponentes voltariam à carga. O rei Acabe, então optou por um ataque preventivo. 

RESULTADO - Os israelitas marcharam rumo à cidade de Damasco, mas as tropas de Ben-Hadade bloquea-ram esse avanço no desfiladeiro de Afeque. Durante 7 longos dias, os dois exércitos se engalfinharam. No oitavo dia consecutivo de confronto, unidades israelitas surpreenderam o inimigo pela retaguarda. Os sírios perceberam que a batalha estava perdida e tentaram fugir, mas foram dizimados. A Bíblia fala em 127 mil vítimas. 


1 REIS 20:28-29 Então o homem de Deus aproximou-se do rei de Israel e disse-lhe: Isto diz o Senhor: Porque os sírios disseram: O Senhor é um deus dos montes e não das planícies - vou entregar-te nas mãos essa imensa multidão, a fim de que saibas que eu sou o Senhor. Durante 7 dias ficaram acampados (...). No 7º dia deu-se a batalha; os israelitas mataram num só dia 100 mil sírios. 


POSIÇÃO ESTRATÉGICA As colinas de Golã - um platô a cerca de 1 000 metros de altitude - já eram disputadas nos tempos bíblicos e continuam sendo até hoje. Elas foram palco, em 1967, da Guerra dos Seis Dias, travada entre Israel e Síria. Naquela oportunidade, os israelenses se apoderaram da região - que pertencia aos sírios - e nunca mais a devolveram. Além de garantir uma visão privilegiada do movimento de tropas no país vizinho, as colinas abrigam nascentes de vários rios que alimentam o mar da Galileia, um importante reservatório natural de água fresca (os sírios, inclusive, até já tentaram represar alguns rios no passado, numa estratégia que nunca deu certo). Isso significa, portanto, que essa região montanhosa é uma posição duplamente estratégica - o que explica tanta disputa nos últimos 3 mil anos.


869 a.C. - Josafá assume o trono de Judá 

850 a.C. 
REVOLTA DE MESA Após a morte de Acabe, Israel se enfraquece. Era a oportunidade que Mesa, rei de Moabe, esperava para desencadear uma rebelião. 
QUEM CONTRA QUEM - Forças israelitas, dessa vez lideradas pelo rei Jorão, contra tropas moabitas. 

ONDE - Reino de Moabe, um território localizado na margem oriental do mar Morto (limitado ao norte pelo reino de Amon e ao sul pelo reino de Edom). 

POR QUÊ - Entre 890 a.C. e 850 a.C., Moabe virou um estado vassalo de Israel. A revolta liderada por Mesa foi uma tentativa de tirar os moabitas dessa situação. 

RESULTADO - Jorão comandou uma contraofensiva e repeliu as tropas inimigas.
2 REIS 3:4-6 Mesa, rei de Moabe(6), possuidor de muitos rebanhos, pagava ao rei de Israel, à guisa de tributo, 100 mil cordeiros e a lã de 100 mil carneiros. Morrendo, porém, Acabe(7), ele libertou-se do rei de Israel. O rei Jorão saiu de Samaria e passou em revista todo o Israel.
HERDEIROS DE LÓ Os moabitas eram um povo semita que se estabeleceu na região de Canaã por volta do século 13 a.C. Segundo historiadores e arqueólogos, falavam um idioma cananeu já extinto e escreviam usando uma variação do alfabeto fenício. De acordo com a Bíblia, eles eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão. Ló tinha duas filhas e havia perdido a esposa na destruição da cidade de Gomorra (leia mais nas págs. 12 e 13). Para que a família tivesse descendentes homens, a filha mais velha tramou um incesto: embebedou o pai e dormiu com ele. Dessa relação teria nascido Moabe, o patriarca dos moabitas. A caçula fez o mesmo e teria concebido Ben-Ami, ancestral de outro povo bíblico: os amonitas.

842 a.C. - Jeú toma o poder em Israel 
785 a.C. 
BATALHA DE EDOM A província edomita se revolta contra a dominação de Israel e se declara independente. Mas a alegria dura pouco. 
QUEM CONTRA QUEM - Tropas do rei Amazias, de Judá, e soldados edomitas. 

ONDE - Reino de Edom. 

POR QUÊ - Edom aproveitou o racha de Israel em dois reinos após a morte de Davi para se rebelar. Judá, decidiu atacar os edomitas e recuperar a velha colônia. 

RESULTADO - Os judeus venceram e se apossaram do norte de Edom. Logo após a conquista, no entanto, o reino de Judá foi atacado por Israel. O rei Amazias acabou preso, e Jerusalém foi saqueada. No fim, os edomitas ficaram com certa autonomia. Mas a relação entre todos permaneceria tumultuada por anos.
2 REIS 14:7-8 Amazias(8) derrotou os edomitas no vale do Sal, matando-lhes 10 mil homens. Tomou de assalto a cidade de Sela, e deu-lhe o nome de Jecteel, nome que conserva até o dia de hoje. Amasias mandou mensageiros a Joás (...) para dizer-lhe: Vem, e nos veremos face a face.

OSSOS DUROS DE ROER O reino de Edom era uma espécie de Afeganistão dos tempos bíblicos: fraco e pobre, mas difícil de conquistar. A Bíblia conta que seus habitantes, os edomitas, descendiam de Esaú, filho mais velho do patriarca Isaac. Se isso é verdade, não se sabe. Mas há evidências arqueológicas de que eles realmente existiram. Alguns registros assírios do século 8 a.C., feitos em escrita cuneiforme, citam Edom (referindo-se à tribo como Udumi). Com a conquista daquela região pelo Império Babilônico, no século 6 a.C., os edomitas teriam se mudado para a região de Hebron, na atual Cisjordânia.


753 a.C. - Fundação de Roma 


734-732 a.C. 
PALESTINA E SÍRIA O exército assírio invade Canaã, Damasco e o litoral mediterrâneo. É o início do fim para o reino de Israel. 
QUEM CONTRA QUEM - Tropas do Império Assírio, lideradas pelo rei Tiglath-Pileser 3º, e uma aliança militar defensiva formada por exércitos de Israel, Damasco, Asquelom, Sidom, Gaza e Tiro. 

ONDE - Costa mediterrânea, Damasco e Israel. 

POR QUÊ - Os assírios emergiam como potência, mas não tinham acesso ao mar. Decidiram, então, ir à guerra para controlar as rotas comerciais, cobrar tributos das cidades conquistadas e minar o poder de seus arquirrivais, os egípcios. 

RESULTADO - Primeiro, a coalização antiassíria atacou o reino de Judá - àquela altura, um território fiel aos assírios - para obrigá-lo a se juntar à aliança. O rei dos judeus, Acaz, pediu socorro a Tiglath-Pileser, que conseguiu um bom pretexto para iniciar uma ofensiva pela costa do Mediterrâneo (onde seus carros de guerra podiam se deslocar com facilidade). As cidades de Asquelom e Gaza se renderam sem esboçar reação. Damasco caiu após um cerco de dois anos. E Israel, percebendo que não tinha chances, prometeu lealdade aos assírios - o que lhe salvou da destruição. 


CARRUAGEM MORTAL A arma mais poderosa do exército assírio entre os séculos 8 a.C. e 7 a.C. talvez tenha sido carro de guerra. Bem maior e mais pesado que as versões usadas por cananeus e filisteus séculos antes, tinha de ser puxado por 4 cavalos e levava até 3 soldados (arqueiro e escudeiros) além do condutor. Em terrenos acidentados, a carruagem era inútil. Deslocando-se a toda velocidade numa planície, porém, não havia tropa capaz de pará-la. A eficiência dos carros de guerra assírios era tamanha nesse período que o mesmo modelo acabou sendo adotado até por seus conquistadores: os babilônios do rei Nabucodonosor 2º. 


2 REIS 16:7 Acaz tinha enviado delegados a Teglath-Pileser(9), rei da Assíria, para dizer-lhe: eu sou teu servo e teu filho. Vem e livra-me das mãos do rei da Síria e do rei de Israel, que se coligaram contra mim.


705 a.C. - Senaqueribe assume o trono assírio 


701 a.C. 
BATALHA DE LÁQUIS Depois de marchar sobre o reino de Israel, os assírios subjugam Judá. Com apoio do Egito, os judeus organizam uma revolta. Mas são massacrados. 
QUEM CONTRA QUEM - Tropas judaicas, lideradas pelo rei Ezequias, e um exército assírio sob o comando do rei Senaqueribe. 

ONDE - Láquis, no reino de Judá (atual Tell ed-Duweir, Israel). 

POR QUÊ - O lugar era uma fortaleza que bloqueava o principal acesso ocidental às montanhas da Judeia. Para levar suas tropas até Jerusalém, onde pretendia reprimir a rebelião judaica, Senaqueribe tinha de atacar e destruir, primeiro, o forte de Láquis. 

RESULTADO - O rei assírio cercou a fortaleza e fez cair sobre ela uma chuva de flechas. Em seguida, seus soldados construíram uma rampa de acesso de quase 60 metros para levar 5 aríetes até a muralha de Láquis. Os defensores do forte não resistiram e a população foi dizimada. 


CAVALARIA ASSÍRIA Ao inventar a cavalaria, no século 8 a.C., os assírios revolucionaram a arte da guerra. A sela usada por eles era primitiva, não passava de uma pele animal, e o arreio ainda nem existia. Mas as armas eram de excelente qualidade. Para atacar em movimento, recorria-se à montaria dupla: condutor e arqueiro ou lanceiro sobre o mesmo cavalo. Capacete, espadas, adagas e ponteiras eram feitos de ferro. E os cavaleiros usavam proteção para os pés - uma espécie de meia com uma "bota" de couro sobre ela, amarrada com corda. Segundo os historiadores, o exército assírio chegou a contar com 150 mil homens (o maior da época), todos excepcionalmente bem treinados e aparelhados. Além disso, foi o primeiro a ser totalmente equipado com armas de ferro - bem mais resistentes que as mais antigas, feitas de bronze.

612 a.C. - Cai o Império Assírio frente aos medo-persas 

588-586 a.C. 
QUEDA DE JUDÁ Após a queda do Império Assírio, em 612 a.C., o reino de Judá entra na mira de uma potência emergente do Oriente Médio: a Babilônia liderada por Nabucodonosor. 
QUEM CONTRA QUEm - Soldados de Judá, liderados pelo rei Zedequias, e o exército da Babilônia, sob o comando de Nabucodonosor 2º. 

ONDE - Jerusalém, capital do reino de Judá. 

POR QUÊ - No fim do século 7 a.C., o Oriente Médio virou palco da disputa entre a Babilônia e o Egito. Os babilônios não tinham força suficiente para derrotar os faraós, mas foram se apoderando das antigas colônias assírias. Zedequias, rei de Judá, não aceitou virar vassalo e deflagrou uma rebelião apoiada pelo Egito. Em resposta, Nabucodonosor mandou seu exército arrasar Jerusalém. 

RESULTADO - Os babilônios impuseram 18 meses de cerco, colocaram abaixo as muralhas e incendiaram a cidade. O Templo de Salomão foi destruído e milhares de judeus foram mandados para o exílio na Babilônia. Era o fim de Judá, último estado israelita independente. 


O SONHO DE NABUCO 
Uma passagem da Bíblia conta que Nabucodonosor, rei da Babilônia, ficou perturbado com um sonho e chamou alguns sábios para decifrá-lo - embora já não se lembrasse do que tinha sonhado. Como ninguém arriscou uma interpretação, foram todos condenados à morte. Entre eles estava o profeta israelita Daniel, que só não morreu graças a uma revelação. Daniel disse ao rei que ele havia sonhado com uma estátua: cabeça de ouro, peito de prata, ventre de cobre, pernas de ferro e pés de ferro e barro. Cada parte seria uma referência profética às potências que dominariam o mundo, como mostra a ilustração à direita. 


2 REIS 25:1 No ano 9º de seu reinado, no 10º dia do 10º mês, Nabucodonosor veio com todo o seu exército contra Jerusalém; levantou seu acampamento diante da cidade e fez aterros ao redor dela. 
539 a.C. - Os persas conquistam a Babilônia 
536 a.C. - Reconstrução do Templo 
332 a.C. 

CERCO A TIRO 
Depois de passar pela costa do Mediterrâneo como um rolo compressor, o rei macedônio Alexandre, o Grande, precisava avançar sobre Canaã para invadir o Império Persa. Começou pela cidade fenícia de Tiro - uma das mais bem fortificadas daquela época. 
QUEM CONTRA QUEM - Soldados macedônios (liderados por Alexandre, o Grande) e as forças defensoras de Tiro. 

ONDE - Cidade-ilha de Tiro, separada do continente por um canal de aproximadamente 800 metros. 

POR QUÊ - Tiro era a base persa mais estratégica do Mediterrâneo. Alexandre achava que não seria possível expandir seus domínios em direção à Ásia sem capturar a ilha antes. 

RESULTADO - O general macedônio recorreu a uma obra de engenharia fantástica: construiu diques sobre o canal para levar suas tropas até a muralha da cidade. Foram 7 meses de cerco. No fim, cerca de 8 mil tírios morreram, contra apenas 400 baixas no exército de Alexandre. 

PARA DEFENDER Com cerca de 46 metros (altura equivalente à de um prédio de 15 andares), uma muralha protegia toda a cidade e servia como ponto de observação. Era larga o bastante para suportar catapultas. 

1. Com troncos, os homens de Alexandre começaram a construir um dique: ergueram duas paliçadas, preencheram o espaço com pedra e jogaram terra por cima. 

2. A ideia era levar até a muralha duas torres de cerco também de 46 metros (as maiores já construídas na história). Lá do alto e do chão, arqueiros e catapultas defendiam a obra enquanto ela avançava. 

3. Um barco incendiário é lançado contra o dique. Paliçadas e uma das torres pegam fogo - acabando com tudo que Alexandre tinha levado meses para construir. 

4. Outro dique é construído: desta vez, com embarcações de cidades fenícias já conquistadas por Alexandre protegendo a obra. 

5. Os defensores de Tiro respondem com flechas e areia quente (que penetrava na armadura dos adversários e provocava queimaduras). 

6. Torres flutuantes (acima, à esq.) atacam a muralha em diferentes pontos, obrigando os defensores de Tiro a se dividir em várias frentes de batalha. 

7. As tropas de Alexandre invadem a fortaleza. Irritado com a resistência de 7 meses, Alexandre ordena que todos os homens sejam mortos. Mulheres e crianças foram escravizadas. 

PARA BOMBARDEAR As catapultas de torção foram armas decisivas nesta batalha. Disparadas por meio de cordas tensionadas de acordo com a distância do alvo, elas lançavam pedras a mais de 250 metros. Versões menores atiravam dardos de ponta metálica com bastante precisão. 
312 a.C. - Seleuco I Nicator funda o império selêucida 


264 a.C. - Guerra entre Roma e Cartago



168 a.C. - romanos derrotam macedônios em Pidna 

165 a.C. 

BATALHA DE EMAÚS 
Guerra de guerrilha na primeira perseguição religiosa da história. 
QUEM CONTRA QUEM - Rebeldes judeus, liderados por Judas Macabeu, e um exército de gregos selêucidas sob o comando do vice-rei Lísias. 

ONDE - Emaús, 7 quilômetros a noroeste de Jerusalém. 

POR QUÊ - A Judeia do século 2 a.C. era província do Império Selêucida, herdeiro das conquistas de Alexandre, o Grande. Ao assumir o trono, o rei Antíoco 4º empreendeu uma campanha para helenizar a Terra Santa. Os macabeus se revoltaram. 

RESULTADO - Lísias nomeou 3 generais para debelar a revolta, que montaram sua base de operações em Emaús. Macabeu reuniu sua tropa perto dali e fez o inimigo cair numa arapuca: atraiu parte dos selêucidas para um desfiladeiro, onde estava preparada uma emboscada, e atacou a base simultaneamente, botando todo mundo para correr. 


FORMAÇÃO CERRADA Seguindo a tradição militar greco-macedônia, a infantaria selêucida adotava uma formação cerrada que ficou conhecida como falange - fileiras de muitos soldados formando um retângulo. Com cerca de 4 metros de comprimento e apontadas para a frente, as lanças levadas pelos combatentes das primeiras fileiras mantinham o inimigo afastado. Já os escudos, quando utilizados em conjunto, viravam uma verdadeira blindagem contra flechas e outros artefatos lançados de longe. Só havia um problema: as falanges eram vulneráveis a ataques laterais. E foi disso que os macabeus se aproveitaram. 

164 a.C. 

BATALHA DE BETE-ZUR 
Um ataque à fortaleza de Acra, último bastião selêucida em Jerusalém. 
QUEM CONTRA QUEM - Macabeus revoltosos e exército selêucida. 

ONDE - Um desfiladeiro próximo ao forte de Bete-Zur, no caminho entre a Síria e Jerusalém. 

POR QUÊ - Os judeus que viviam em Jerusalém se rebelaram, exigindo o fim da perseguição religiosa, e cercaram a guarnição montada pelos selêucidas na fortaleza de Acra, provavelmente localizada junto aos muros do Templo. 

RESULTADO - Lísias marchou com um exército da Síria rumo a Jerusalém, mas revoltosos comandados por Judas Macabeu interceptaram-no num desfiladeiro perto da fortaleza de Bete-Zur. Pego de surpresa, o general selêucida fugiu. E a guarnição de Acra caiu frente aos rebeldes, que purificaram o Templo e retiraram símbolos pagãos da cidade. 


JUDAS MACABEU Ele é considerado um dos grandes guerreiros da história judaica, do calibre de Josué, Gideão e Davi. Filho do sacerdote Matatias, ficou conhecido como Macabeu ("Martelo") por sua forma aguerrida de lutar. Em 167 a.C., Matatias organizou um levante contra o domínio selêucida em Jerusalém ao lado de Judas e dos outros 4 filhos: Eleazar, Simão, João e Jônatas. Judas se destacou na família não só pela habilidade militar, mas pela oratória impecável e a capacidade de motivar os soldados em nome do nacionalismo e da fé. 

162 a.C. 
BATALHA DE BETE-ZACARIAS O império contra-ataca disposto a liquidar os judeus. 
QUEM CONTRA QUEM - Rebeldes macabeus e selêucidas. 

ONDE - Forte de Bete-Zur, estreito de Bete-Zacarias e Gofna - últimas linhas de defesa judaicas fora de Jerusalém. 

POR QUÊ - Lísias tinha virado tutor de Antíoco 5º, futuro monarca selêucida, e decidiu garantir seu futuro esmagando de uma vez por todas a revolta judaica. 

RESULTADO - De novo, Lísias marchou da Síria para Jerusalém. Dessa vez, no entanto, levou um exército duas vezes maior. Seus batalhões, agora, contavam com 32 elefantes. Na primeira tentativa de intercepção, em Bete-Zur, os macabeus foram atropelados. Tentaram outra emboscada em Bete-Zacarias, que também não deu certo. Na cidade de Gofna, uma nova tentativa - em vão. Os selêucidas sufocaram a rebelião e retomaram o controle sobre Jerusalém. 


2 MACABEUS 11:1-2 Decorrido algum tempo, Lísias, tutor e parente do rei, regente do reino, sentindo muito pesar pelo que tinha acontecido, reuniu aproximadamente 80 mil homens com toda a cavalaria e se pôs a caminho contra os judeus. Estava resolvido a transformar Jerusalém numa cidade grega. 


ARMAS DE PESO 
Os 32 elefantes de guerra que Lísias levou para Bete-Zacarias foram decisivos contra os macabeus. Eles podiam carregar até 5 homens: um condutor e 4 arqueiros ou lanceiros. Eram resistentes e incrivelmente fortes - capazes de matar instantaneamente um soldado com uma simples pisada. Iam para o campo de batalha protegidos por armaduras de couro ou de escamas metálicas. Muitos exércitos selêucidas colocavam unidades de elefantes na cabeça das suas formações de batalha, à frente das falanges, e também os utilizavam como força de retaguarda, fechando a formação.

Mateus 24:1-2 Ao sair do templo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e fizeram-no apreciar as construções. Jesus, porém, respondeu-lhes: Vedes todos estes edifícios? Em verdade vos declaro: não ficará aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído. 


GUERRA PSICOLÓGICA 
Os judeus apanhados do lado de fora da cidade pelos romanos eram crucificados em lugares que todos pudessem ver - com o objetivo de minar o moral dos inimigos e forçar sua rendição. As cruzes funcionavam como um aviso macabro do que ainda estava por vir. 


TÁTICA DE GUERRILHA 
Uma das formas encontradas pelos defensores de Jerusalém para responder às investidas romanas foi lançar contra-ataques relâmpagos (e noturnos) por meio de túneis escavados sob a muralha. Assim, no melhor estilo "tática de guerrilha", eles impunham baixas severas aos inimigos mesmo sem contar com armas tão poderosas. 


POMBOS SEM ASAS 
Além de soldados muito bem treinados, as legiões contavam com armas sofisticadas para a época - como as catapultas, que lançavam pedras de mais de 25 quilos e artefatos incendiários. Para calcular a distância e calibrar o disparo, os romanos atiravam, primeiro, um projétil feito de chumbo com uma linha amarrada. 


MURO ANTIFUGA 
Outra maneira de estimular a rendição dos judeus era fazê-los passar fome. Além de cercar a cidade com tropas, os romanos construíram um muro e um fosso para garantir que nenhum inimigo pudesse entrar ou sair de Jerusalém. 


TORRES DE CERCO 
Elas ultrapassavam em 2 ou 3 metros a altura da muralha. Tinham uma coberta de couro, para torná-la menos vulnerável às flechas e às tentativas de incendiá-la. Mesmo assim, os judeus conseguiram atear fogo em pelo menos uma das torres. 


FIM DA LINHA 
Defensores bem que tentaram evitar a destruição do Templo, mas os romanos conseguiram matá-los e queimaram o santuário. Restou apenas a parede ocidental, que está de pé até hoje - o Muro das Lamentações, lugar mais sagrado do judaísmo. 


BATE-ESTACA 
O exército romano usou aríetes para abrir buracos nas muralhas. Foi assim que Jerusalém começou a cair. Vinte homens e um corneteiro entraram na cidade por uma brecha na fortaleza Antônia. Os judeus acharam que se tratava de um ataque em larga escala e fugiram.

63 a.C. - O general romano pompeu ocupa Jerusalém 

4 a.C. - Jesus nasce em Belém 


30 d.C. - Cristo é crucificado 


70 d.C. 
ATAQUE A JERUSALÉM Em 66 d.C., os judeus tinham iniciado uma revolta contra o domínio romano. Quatro anos mais tarde, Vespasiano e Tito cercam a cidade e conseguem invadi-la - numa das maiores catástrofes da história do judaísmo. 
QUEM CONTRA QUEM - Facções judaicas, principalmente a dos zelotes, contra soldados de 3 legiões romanas lideradas por diversos generais, entre eles Vespasiano - coroado imperador um pouco antes - e seu filho Tito. 

ONDE - Jerusalém. 

POR QUÊ - Desde a ocupação de Jerusalém pelo general romano Pompeu, em 63 a.C., a tensão na cidade era crescente. Os judeus estavam divididos em facções e protestavam contra a ingerência de Roma nos assuntos religiosos e a cobrança de altos tributos. Em 66 d.C., o procurador romano Florus roubou tesouros do Templo, desencadeando uma guerra que duraria 4 anos. 

RESULTADO - Jerusalém foi queimada; o Templo, destruído; e os judeus, massacrados. A maioria dos sobreviventes empreendeu uma diáspora. A tragédia acabou contribuindo para a expansão do cristianismo, já que os seguidores de Jesus interpretaram a destruição do santuário judaico como o fim da aliança entre Deus e os israelitas. 

74 d.C. 
QUEDA DE MASSADA A 10ª Legião Romana leva quase 3 anos para penetrar na fortaleza que havia sido tomada por quase 1 000 rebeldes. Mas não tem o "prazer" de matar seus inimigos. Os revoltosos preferem se suicidar a virar prisioneiros de guerra. 
QUEM CONTRA QUEM - Judeus da seita dos zelotes, liderados por Eleazar Ben Yair, e soldados do Império Romano sob o comando de Lucius Flavius Silva, procurador da Judeia. 

ONDE - Massada, uma fortaleza construída em 37 a.C. por Herodes no topo de montanha perto mar Morto. 

POR QUÊ - Os zelotes defendiam a luta armada contra Roma. Com o início da revolta judaica, eles tomaram a fortaleza romana e fizeram dela um bastião. 

RESULTADO - Os romanos sitiaram Massada, esperando matar os judeus de fome. Lá dentro, no entanto, havia água e comida de sobra. A única forma de eliminar os rebeldes seria colocar abaixo a muralha e invadir a fortaleza. Foi o que fez a legião comandada Lucius Flavius. Quando perceberam que a batalha estava perdida, os zelotes começaram a se matar - embora o judaísmo já considerasse naquela época suicídio um crime. 


FORTE SITIADO 
Cerca de 15 mil soldados romanos - distribuídos em 8 acampamentos - cercaram a fortaleza e construíram um muro ao redor dela. Do sopé da montanha, eles fustigavam os judeus com disparos constantes de catapulta. 


PAREDES REFORÇADAS 
A muralha era dupla (com até 6 metros de altura, 4 portões e mais de 30 torres de vigilância). Entre as duas havia 110 aposentos que eram usados para abrigar tropas e guardar mantimentos. 


SUICÍDIO COLETIVO 
Foi o líder de Massada, Eleazar Ben Yair, quem convenceu os outros judeus de que o suicídio era a melhor atitude. O chefe militar dos zelotes teria dito: "Fomos os primeiros a nos revoltar contra Roma e somos os últimos a lutar contra eles". 


PONTO FINAL 
Dos 967 revoltosos, só 7 sobreviveram: duas mulheres e 5 crianças. Como Jerusalém já havia caído, Massada representou o ponto final da revolta judaica. 


DE ÚLTIMA HORA 
Enquanto os romanos tentavam derrubar a muralha externa, os judeus ergueram outra. Feita com vigas de madeira, pedras e terra, ela até absorvia bem os golpes do aríete. Mas também não resistiu. 


SORTEIO MACABRO 
Nos anos 60, o arqueólogo Yigael Yadin encontrou nos escombros de Massada um pedaço de cerâmica com a inscrição "Ben Yair", nome do líder dos zelotes. Acredita-se que fragmentos como esse podem ter sido usados pelos judeus para sortear qual seria o último a morrer. 


RAMPA DE ACESSO 
Os romanos a construíram com pedras e terra batida sobre a elevação natural na encosta ocidental do penhasco, que era a mais acessível. Com ela, tornou-se possível levar uma torre de cerco até a muralha. A obra foi feita por judeus escravizados. 


TORRE DE CERCO 
Tinha 28 metros de altura, era coberta com couro e levava um aríete - tora de madeira com ponta de ferro. Lucius Flavius (detalhe) acompanhava a operação à distância, no quartel-general montando num dos acampamentos. 


REAÇÃO INÓCUA 
Mesmo cientes de que isso não deteria os romanos, os judeus atacavam seus inimigos jogando da muralha pedras de até 50 quilos. Eles também arremessavam artefatos menores com fundas.
79 d.C. - O imperador vespasiano morre em Roma 
80 d.C. - Tito inaugura o coliseu Romano 
95 d.C. - O apóstolo João escreve o apocalipse

Fonte: Revista Superinterresante